Não pesquisou as fontes arquivísticas, como fez Taborda, mas aproveitou obras decisivas (então quase ignoradas) e procurou a «interacção das formas artísticas no tecido histórico» (Paulo Varela Gomes, A Cultura Arquitectónica e Artística em Portugal no Século XVIII, 1988, p. 172). Em 1822, Almeida Garrett publicou um breve «ensaio sobre a história da pintura» em apêndice ao poema O Retrato de Vénus. Apesar de se propor dar à «nação uma coisa que ela não tinha, a biografia crítica dos seus pintores», usou Taborda e não foi além dele, nem no conhecimento, nem no método, nem nas fontes. Garrett reorganizou a informação disponível dentro de um esquema histórico definido por «quatro épocas»: séculos XI-XIV, XV-XVI, XVII e XVIII-XIX. Além dos pormenores biográficos, realiza apreciações comparativas em termos de méritos e defeitos, revelando assim uma clara atitude judicativa.
Depois deste começo marcado pelo registo biográfico, os historiadores de arte aprofundaram a erudição e estenderam-na às «memórias descritivas» de edifícios. Francisco de São Luís Saraiva (Ponte de Lima, 1766 – Lisboa, 1845), erudito beneditino, doutorado em Teologia, professor no Colégio das Artes, reitor reformador da Universidade de Coimbra durante o Vintismo, presidente da Câmara dos Deputados, vice-presidente da Câmara dos Pares e cardeal patriarca de Lisboa, praticou os estudos históricos e linguísticos e deixou uma Lista de Alguns Artistas Portugueses, coligida entre 1825 e 1839, e uma Memória Histórica Sobre o Mosteiro da Batalha (1827). O trabalho do cardeal Saraiva assentou (e quase se reduziu) à pesquisa documental. «Com ele», salienta José-Augusto França, «se pode realmente considerar iniciada uma determinada linha de historiografia da arte em Portugal, linha de erudição filológica e de alheamento crítico.» (A Arte em Portugal no Século XIX, 1990, vol. I, p. 392.)
A tendência foi continuada pelo abade António Dâmaso de Castro e Sousa (Lisboa, 1804 – 1876), que primou pelo carácter oratório e descritivo e pela escassa crítica histórica. Entre 1838 e 1845, publicou folhetos intitulados Descrição do Palácio Real na Vila de Sintra, Carta Dirigida a Salústio, Amador de Antiguidades, Descrição do Real Mosteiro de Belém, Memória Histórica Sobre a Origem da Fundação do Real Mosteiro de Nossa Senhora da Pena, Memória Sobre o Majestoso Quadro que Está na Sacristia do Real Mosteiro de S. Lourenço do Escorial, Vida de Francisco de Holanda, Notícia Acerca dos Antigos Coches da Casa Real e Itinerário que os Estrangeiros que Vêm a Portugal Devem Seguir na Observação e Exame dos Edifícios e Monumentos Mais Notáveis deste Reino.