A História Política contra-atacou. Uma Nova História Política emergiu na década de 1970 potenciada pela conjugação de razões históricas, teóricas e historiográficas. A nível histórico com a entrada na era do “pós-industrial”, que veio colocar a questão do retorno ao acontecimento. A lógica da acumulação – um conceito económico – dominante nas sociedades em processo de industrialização dava lugar às sociedades pós-industriais, onde o controlo, a informática e as políticas especializadas em todos os sectores de actividade resultaram numa metamorfose da política; a nível teórico foi ultrapassada a dicotomia entre uma ideologia tecnocrática para a qual a política é uma ilusão (visão que subalterniza a política) e um formalismo jurídico para o qual tudo é política (visão que centrando o primado absoluto da política, a atrofia); por fim, a nível historiográfico assistiu-se à construção de um novo paradigma que veio favorecer a emergência de novos domínios. Como resultado, passou-se da História Total à fragmentação do campo historiográfico.
Alguns autores fundadores desta Nova História Política foram Wolfgang Mommsen (1930-2004), Bladine Barret-Kriegle (1943-), Jacques Julliard (1933-) e Williem Piete Blockmans (1945-). O historiador alemão iniciou uma reflexão sobre o retorno da História Política. Para Mommsen a tarefa da História Política era a de contribuir como uma resolução racional das questões políticas e sociais. Já Barret Kriegel trabalhou sobre o conceito de “acontecimento”, posteriormente. A História Política deixava de ser o campo do porquê para ser o do como. A História era uma ciência dos efeitos e já não das causas. Julliard, pelo seu lado, destacou a autonomia do político (como facto social) no contexto do nascimento da Sociologia Política. Abriu a porta a autores como Seymour Martin Lipset (1922-2006), Raymond Aron (1905-1983), Pierre Bourdieu (1930-2002) ou Nicos Poulantzas (1936-1979). Os trabalhos de todos eles foram produzidos numa clara aproximação entre História, Sociologia e Política materializando a emergência de um campo que se começou a definir, o da Ciência Política. Refira-se, por exemplo, o trabalho de Juan Linz (1926–2013), que aprofundou a distinção entre autoritarismo e totalitarismo já presente na obra de Hannah Arendt (1906-1975). Com esta inflexão, a História Política alargou a sua esfera de análise do estudo institucional do Estado, ao estudo social do Poder, do facto político, dos sistemas políticos, das estruturas institucionais, do funcionamento dos regimes, dos agentes políticos, da acção das elites e da participação das massas, das reformas e revoluções. Blockmans aproximou mesmo a Nova História Política da Nova História Económica através da inclusão de métodos quantitativos.
As grandes linhas de investigação da Nova História Política passavam agora pelo estudo da história da sociologia eleitoral, dos partidos políticos e das famílias de partidos, análise das relações entre o Político e o Social (sindicatos, empresários, militares e elites políticas), pela análise da relação entre o Político e os fenómenos de psicologia colectiva e de mentalidades (sociabilidades políticas, simbologia e opinião pública). Outras áreas em renovação passam pela História Diplomática, pela Nova História das Relações Internacionais ou por uma Nova História do Direito, de que António Manuel Hespanha (1945-2019) foi um dos grandes cultores em Portugal, ultrapassando visões mais institucionalistas de pensadores como Marcello Caetano (1906-1980). O mesmo se observa com a emergência de uma nova História Militar ou no campo da História das Ideias, no cruzamento entre a História Cultural e a História Política. Neste último terreno José Sebastião da Silva Dias (1916-1994) seria um dos pioneiros, deixando uma escola entre Coimbra e Lisboa.