No caso português, muito do que se produziu durante a primeira metade do século XX foi História Política e Militar. Optava-se por uma abordagem factual, descritiva e muito colada ao documento. O historicismo imperava ainda. Em termos de balanço, de meados de Oitocentos até cerca de 1960 predominou uma história política, militar e institucional. Com aproximações temáticas e cronológicas distintas entre si e com uma valia literária também díspar podemos contar os contributos de Damião Peres (1889-1976), coordenador da famosa História de Portugal dita de Barcelos, Paulo Merêa (1889-1977), importante nome da História do Direito ou João Ameal (1902-1982), politicamente engajado com o salazarismo. Mais conhecido como historiador da cultura, Joaquim de Carvalho (1892-1958) também se notabilizou pela sua colaboração na História de Portugal de Damião Peres (1928-35) e na História do Regímen Republicano em Portugal (1930-1932) (dir. de Luís de Montalvor), onde a perspectiva política mantinha uma presença assinalável.
A História Política Tradicional continuou sob cerco fora das pressões dos “Annales. A corrente estruturalista também de origem francesa veio aprofundar a sua crise. O compromisso entre Estruturalismo e História teve origem no início da década de 1970. O nascimento da História Estrutural assentou em várias correntes: uma de inspiração no sempre citado Fernand Braudel, que procurou estudar a evolução da sociedade humana no tempo longo; outra de inspiração em Michel Foucault (1926-1984), que procurou conceptualizar as estruturas e os processos de ruptura dando origem à noção de descontinuidade; outra ainda de inspiração estruturalista pura, mais orientada para a análise de corpus fechados (mitos, rituais, textos) a partir da elaboração de modelos abstractos de autores como Claude Lévi-Strauss (1908-2009) ou Jacques Lacan (1901-1981). Esta corrente veio afirmar que a História linear e contínua não fazia sentido porque a mesma procede por saltos e mutações, ao mesmo tempo que denunciou o estatuto privilegiado da História no pensamento Ocidental. Uma quarta corrente baseava-se na Antropologia Histórica, procurando dominar o campo que vai da cultura material aos sistemas simbólicos, tendo em Emmanuel Le Roy Ladurie (1929) o seu principal cultor.
O resultado dos métodos estruturalistas – linguísticos, semióticos ou psicanalíticos – orientaram a História Estrutural para campos como a cultura, as mentalidades, a antropologia histórica ou a história psicanalítica, ou seja, para domínios muito distantes do político. De acordo com este paradigma, só o estrutural seria científico, pelo que a estrutura encontrava-se nos antípodas do “acontecimento”. O político estava no polo oposto da Ciência. Para a visão estruturalista da História, o político, o facto singular, individual e, no plano dos estudos literários, o biográfico, eram desnecessários.