Um balanço mais actual é susceptível de ser alvo de uma avaliação diversificada. Por um lado, assistiu-se nos últimos anos a uma atomização temática e epistemológica extrema do campo da História do período pós-moderno, ou “pós-histórico”, onde não se deteta qualquer unidade ao nível dos tópicos escolhidos para investigação, levando a que se faça História sobre tudo e sobre todos sem uma preocupação de percepção da relevância do que contribui – ou não – para o progresso do conhecimento sobre as sociedades passadas. Por outro, cabendo ao historiador a tarefa da descrição de múltiplas formas de pulverização da realidade, assiste-se paralelamente a uma verdadeira democratização dos assuntos seleccionados como temas de pesquisa e publicação.
O aparecimento de novos temas obrigam a História Política a metamorfosear-se e a procurar estender a sua perspectiva de análise a campos onde até à pouco tempo eram quase impenetráveis de que podemos apontar como exemplos a História Local e Regional, da Imprensa, do Género, da Educação, da Arte, da Igreja ou das Instituições. A História Política terá o seu futuro reservado enquanto forma de pensar a acção humana no tempo e no espaço.
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