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A EQUIPA
CONTACTO
Professor e crítico literário, historiador da cultura, teorizador do fenómeno estético, politicólogo e ensaísta, António José Saraiva, distinguiu-se ao longo de meio século no panorama cultural português como um dos mais surpreendentes e controversos intelectuais públicos. No interior ou fora da investigação e do ensino, proferiu palestras, concedeu entrevistas, suscitou ou foi envolvido em polémicas de forte impacto que marcaram indelevelmente a agenda cultural do país. Disponibilidade interventora irreprimível, desde cedo revelando o perfil de um pesquisador dotado de uma invulgar perspicácia teórica e analítica, como de uma notável disciplina criativa, sem no entanto se enclausurar no reduto elitista da alta cultura. Pelo que, dessa variada e extensa actividade crítica resultou uma obra de natureza histórico-literária, didáctica e doutrinal de elevado nível erudito e problemático, situando-se ocasionalmente na orla do pensamento político-filosófico. Como, em simultâneo, assinou uma abundante produção jornalística com largo eco nos meios cultos e junto de um amplo círculo de leitores, difundida por numerosos jornais e revistas de diferentes lugares e estatuto, e parcialmente publicada em livro. Por conseguinte, desenvolvendo um esforço cultural multiforme a resistir a um acidentado e por vezes angustiante trajecto de vida, dimensão que não poderá aqui ser elidida atendendo à sua estruturante operacionalidade.
Ora o primeiro grande segmento desse itinerário a ter em conta, de todos o mais extenso e convulsivo (1917-1960), inclui necessariamente os ciclos iniciais da socialização primária e o da formação académica. A função matricial do primeiro, o ciclo de uma infância urbana na província extremenha mas com ocasionais e intensas experiências rurais, não deixará de se repercutir, ou de, discretamente, se insinuar como inconfundível marca de água nas diferentes revoluções dessa tantas vezes penosa caminhada intelectual Um e outro período, fases distintas de crescimento humano, cultural e cívico, a antecederem a sua entrada na vida activa, no espaço público e na militância política e partidária. Desenhando-se a partir de então, concluída a formação académica, novos contextos a configurarem o longo segmento de vivência nacional intra-muros interrompido com a expatriação.
