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No tocante ao crucial ciclo francês, é de relevar o corte definitivo com a militância e o ideário marxistas. Aliás, periclitantes desde o XXº Congresso do P. C. U. S. (1956), com a revelação dos crimes do estalinismo, a denúncia do culto da personalidade e as vagas esperanças numa sociedade de tipo colectivista dissipando-se desde aí progressivamente no seu interrogativo e impaciente imaginário. O princípio do centralismo democrático em que se alicerçara a crença na democraticidade dos regimes do socialismo real, revelando-se-lhe, por sua vez, no cotejo com a democracia francesa, como falácia endocêntrica a destruir a ilusão de uma partilha dos poderes decisórios pelo conjunto da comunidade de militantes e cidadãos. Neste quadro, e no plano da análise histórico-literária, a dissidência política e ideológica foi-o paralelamente afastando do anterior sociologismo. Quanto ao plano da militância partidária, esta vai encerrar-se em 1962 quando se desliga de modo formal do Partido Comunista. E fê-lo na sequência da sua 2ª visita à U. R. S. S. e a pretexto de um episódio censório protagonizado em Moscovo pelo próprio secretário-geral do partido, A. Cunhal, a mando dos soviéticos. Ao retirar-se daquela formação política, após quase vinte anos de activismo essencialmente ideológico, A. J. Saraiva veio a sentir com amargura o ostracismo e insulamento que os partidos do mesmo arco ideológico então reservavam a quem ousava pensar à revelia dos padrões oficiais. |
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