................................
A EQUIPA
CONTACTO
Relativamente às últimas contribuições historiográficas ou teóricas, um apontamento justifica-se quanto ao estudo Tertúlia Ocidental (1990), livro galardoado com o prémio do P. E. N. Clube, e um dos seus textos de mais cuidada subtileza formal. Última fulguração de uma pulsão literária que, devidamente calibrada, nunca deixou de cultivar na sua escrita académica. À guisa de despedida, nesse estudo revisita o naipe dos Vencidos da Vida, a já mencionada e consagrada Geração de 70. Igualmente merece registo a síntese publicada postumamente, Cultura (1993), onde expõe com lacónica precisão as suas pessoalíssimas concepções sobre o tema de um ângulo claramente antropológico. Como aos leitores desta nota devem recomendar-se as muitas e surpreendentes centenas de páginas de Crónicas (2006), colectânea onde foi compilada a generalidade dos seus variadíssimos textos dispersos pelas mais díspares publicações de tipo periódico.
E, finalmente, a reter temos ainda as impressionantes reflexões epistolográficas, António José Saraiva, Óscar Lopes, Correspondência (2004), pontuando a passagem dos anos e décadas que abrangem o seu vasto campo de interesses culturais e políticos. Num vibrátil, denso e por vezes contundente diálogo epistolar com Óscar Lopes, estes escritos, para além de dimensões mal conhecidas da sua invulgar capacidade crítica e filosófica, iluminam ainda diferentes circunstâncias reservadas da sua existência, tantas vezes precária e angustiada mas sempre intelectualmente combativa. Um diálogo deveras empolgante. Um e outro dos interlocutores, envolvidos numa indefectível amizade e numa complexa afinidade intelectual convergente-divergente. Um e outro, personalidades cimeiras do panorama político-cultural português do último século cujo transcurso, nessa extraordinária correspondência, se problematiza de forma intensa e em alguns momentos mesmo dramaticamente e com o elo afectivo entre ambos em vias de se estilhaçar. Edição devida ao esforço paciente da malograda historiadora Leonor Curado Neves, responsável pela transcrição e notas que acompanham o texto, e também autora de uma subtil sinopse introdutória ao pensamento e obra de A. J. Saraiva.
