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SILBERT, Albert | |||||||||||||
No próprio ano em que entregou a tese na Sorbonne, em 1964, seria convidado por Braudel para dirigir um seminário na École des Hautes Études. Depois, integraria a Universidade de Clermont-Férrand onde leccionou entre 1967 e 1977, ano em que se aposentou. Em Paris teria como alunos outros portugueses exilados de uma outra geração, como Victor de Sá e Miriam Halpern Pereira que preparavam as suas teses de doutoramento em França. A esta última, em cujo júri de tese participou, ficaria especialmente ligado, mantendo com ela uma relação intelectual e académica particularmente frutuosa no pós-25 de Abril. Ao refletir sobre os efeitos do Salazarismo na historiografia portuguesa que, entre outras coisas, tinha fechado as portas da universidade a historiadores como Vitorino Magalhães Godinho ou Joel Serrão, lembraria outros que se tinham visto na contingência de abandonar o país. Só em França, além dos dois já citados, refere-se a José-Augusto França, Manuel Villaverde Cabral e Fernando Medeiros, não esquecendo também os que tinham partido para Inglaterra como Vasco Pulido Valente e Jaime Reis. A conclusão era clara e exprimiu-a em termos simples na entrevista de 1985 à Ler História: “Penso que o salazarismo do ponto de vista intelectual foi um desastre” (entrevista à Ler História nº 5, 1985, p.125). Depois do 25 de Abril de 1974, Silbert, antes ignorado pelas instituições universitárias portuguesas, passaria a ter com elas contactos bastante regulares tornando-se os seus trabalhos referências fundamentais na renovação da historiografia e dos estudos históricos que conheceram uma verdadeira explosão nessa época. Seria convidado pela primeira vez para vir a Portugal em 1981 pelo Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa (CEHCP) do ISCTE, criado e dirigido por Miriam Halpern Pereira. Participaria, nesse contexto, num célebre colóquio sobre o Liberalismo na Península Ibérica na primeira metade do século XIX que, conjuntamente com o que tinha sido organizado pelo Gabinete de Investigações Sociais sobre O século XIX em Portugal em 1979, demonstrariam, pela imensa afluência de público com que contaram, o vivo interesse que então despertavam os estudos sobre oitocentos. Miriam Halpern Pereira referir-se-ia, justamente, ao fenómeno como um “sinal da grande mudança cultural em curso” (“Homenagem a Albert Silbert”, Público de 3/1/1997). |
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