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SILBERT, Albert | |||||||||||||
Uma grande parte desses sombrios tempos passá-los-ia num campo de prisioneiros na Prússia Oriental, em Stablack, o Stalag I A, um campo para estudantes mobilizados e aspirantes do exército, de que o regime de Vichy negociaria a transformação em “universidade”. Uma “universidade” suis generis que Vichy teria querido transformar em local de formação de quadros para a sua Revolução Nacional com reduzido êxito, apesar de o campo ter beneficiado da proximidade da Universidade alemã de Koenigsberg que lhe forneceu livros e enviou mesmo conferencistas. Albert Silbert escreveu sobre esta estranha experiência dois artigos publicados na Revue d’Histoire de la Deuxième Guerre Mondiale, intitulados “Le camp des aspirants” republicados mais tarde em 1991 na obra Le camp des aspirants pendant la Deuxième Guerre Mondiale: 1939-1945, editada pela Amicale du camp des aspirants. Esta terá sido uma das suas poucas incursões na história do século XX, já que nestes textos se situa mais como historiador do que como protagonista, procurando afastar-se da sua vivência pessoal e adoptar um olhar distanciado sobre aquela dolorosa experiência. Uma experiência de que evocará mais tarde alguns aspetos mais pessoais, ao referir ter sido naquele campo de prisioneiros e respetiva “universidade” que pela primeira vez ensinou, tendo sido as línguas uma das principais matérias leccionadas. Foi ali também que pela primeira vez contactou com a língua portuguesa e com Portugal, através de um camarada do mesmo regimento, filho de emigrantes, (que dava lições de português servindo-se do método alemão de Otto Sawer) um facto que considerou ter tido bastante importância para o seu futuro. Regressado a Paris finda a guerra, Albert Silbert voltou a contactar Fernand Braudel para que o orientasse na escolha de um tema de tese e este ter-lhe-á falado imediatamente de Portugal que lhe despertava grande interesse. Por essa época e por intermédio de Braudel, conheceu Vitorino Magalhães Godinho, recém-chegado à capital francesa e, através dele, outros historiadores portugueses em particular Joaquim Barradas de Carvalho a quem o ligaria uma forte amizade que nunca deixou de sublinhar. A decisão de estudar, por intermédio de Portugal, o mundo latifundiário do Mediterrâneo tornou-se, a partir de então, o seu objectivo; um objectivo para cuja análise mobilizou os ensinamentos de Ernest Labrousse de quem aprendeu, nas suas próprias palavras, “como tantas gerações de historiadores franceses o que devia ser uma história económica que se recusa a esquecer os homens” (Le Portugal Méditerranéen..., p. 9). |
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