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SILBERT, Albert | |||||||||||||
Um bom conhecimento de terreno que a consulta dos arquivos regionais e locais facilitou, consolidado pelo mais completo domínio dos arquivos centrais que lhe foi possível obter, uma sólida formação historiográfica colhida junto dos maiores nomes da historiografia francesa sua contemporânea e o contacto próximo com historiadores, geógrafos e antropólogos portugueses, (a sociologia, sob suspeita no Portugal de Salazar não se praticava à época) deram-lhe uma perspectiva ao mesmo tempo ampla e profunda do seu trabalho que planeou de forma ambiciosa. Não deixou mais tarde de lamentar o contraste entre essa ambição e os meios de que dispôs para a prosseguir, dadas as contingências da pesquisa histórica em Portugal naqueles anos, cujo atraso o surpreendeu mesmo em comparação com a de Espanha como sublinharia mais tarde, mas não o fez desanimar, levando-o a correr o risco de representar o papel de défricheur que poderíamos traduzir por “desbravador”. Era este o caminho que parecia mais seguro dado que, nas suas próprias palavras: “A base documental com que sonhávamos revelou-se impossível de encontrar. Não encontrámos nenhuma fonte estatística que pudesse servir a um estudo completo da propriedade e da exploração, nenhuma conduzia a uma análise científica do movimento da produção, dos rendimentos e mesmo dos preços, nenhuma permitia um exame preciso da paisagem rural e dos seus detalhes. Isto significa que a aplicação dos métodos rigorosos da história económica, social, geográfica tais como se concebem e se praticam atualmente, afigurou-se-nos impossível”. (Albert Silbert, Le Portugal Méditerranéen…, p. 10). Face a esta escassez de meios condizentes com o que começara a ser a história económica e social do mundo rural em França que se expressava em trabalhos como os de Georges Lefbvre de que é exemplo La Revolution Française et les paysans, ou nos de Ernest Labrousse como Esquisse du mouvement des prix et des revenus en France au 18 éme siécle, Albert Silbert assentou o seu estudo sobre reconstruções minuciosas da realidade agrária do Sul de Portugal nos finais do Antigo Regime (Beira-Baixa e Alentejo), por vezes aldeia a aldeia, usando mesmo, segundo o seu próprio testemunho, documentos isolados e até fragmentos, o que, além de “desbravador” o transforma também, de algum modo, em “decifrador”. |
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