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SILBERT, Albert | |||||||||||||
Um decifrador de enigmas poder-se-ia acrescentar, que prefigurou, por vezes, os métodos da micro-história com mais de 20 anos de antecedência e em parte pelas mesmas razões e dificuldades de organização de arquivos que se associam à emergência daquela metodologia. Não se deve esquecer que a arquitectura institucional do Antigo Regime tardio foi pela primeira vez “decifrada” por Albert Silbert. Conhecido em Portugal sobretudo por aqueles seus dois trabalhos referenciais aos quais consagrou mais de 16 anos de pesquisas, já que a sua tese principal, o futuro Le Portugal Méditerranéen foi apresentada na Sorbonne somente em 1964 onde foi debatida e avaliada por um júri que integrava Fernand Braudel, Ernest Labrousse e Pierre Vilar (Entrevista a Carlos Veiga Pereira, Letras e Artes, 7/9/1966), a obra de Albert Silbert esteve longe de a eles se resumir. Na realidade, outros estudos de menor dimensão foram acompanhando esta sua pesquisa principal e foram sendo publicados em francês e por vezes também em português desde 1950, em revistas como o Bulletin des Études Portugaises ou na Revista de Economia. Na primeira apareceria em 1950, “Autour de Francisco Solano Constâncio” e dois anos mais tarde “Chartisme et Septembrisme. La vie politique à Porto de 1836 à 1839 d’après les consuls français ». E na segunda, “Contribuição para o estudo do movimento dos preços dos cereais em Lisboa (do meio do século XVIII ao meio do século XIX)” em 1953. Se o último destes artigos era um ensaio de história económica claramente influenciado por Ernest Labrousse, os dois primeiros partiam da história política e da sua possível articulação com a história social, tendo por base documental fontes dos arquivos franceses, em particular do Arquivo dos Negócios Estrangeiros que Silbert não deixaria de explorar até ao fim da sua vida e, através dele, de prosseguir o estudo da história política e diplomática do Portugal do século XIX. Estes e outros trabalhos já dos anos 60 viriam a ser publicados em português pelos Livros Horizonte em 1972 num volume intitulado Do Portugal do Antigo Regime ao Portugal Oitocentista, uma colectânea que conheceu notável sucesso depois da renovação dos cursos de História que se seguiu ao 25 de Abril de 1974. Textos como “O Feudalismo Português e a sua abolição” ou o já citado “Cartismo e Setembrismo” constituíram material de leitura obrigatória para várias gerações de estudantes o que não deixou de ter o efeito perverso de transformar em cânone estudos que não tinham claramente essa intenção. |
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