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SILBERT, Albert | |||||||||||||
O primeiro parágrafo é esclarecedor: “Depois da guerra cada uma das grandes teses publicadas em França vale em simultâneo pelo que acrescenta ao conhecimento do passado e pela renovação que traz aos métodos de pesquisa. O livro de Albert Silbert não foge à regra” (Idem, p. 551). Mauro analisa em seguida detalhadamente o livro, pondo em relevo a grande maturidade que revela, a bibliografia exaustiva e “profundamente meditada” e o carácter intencional do seu ângulo de abordagem. Uma abordagem que põe em paralelo, sem as confundir, com as de Braudel e Emmanuel Le Roy-Ladurie, lembrando também o Marc Bloch dos Caractères originaux de l’histoire rurale française, e sublinhando a natureza comparativamente “mais geográfica” do trabalho de Silbert. Esta caracteristica leva-o a evocar Orlando Ribeiro, de que se percebe conhecer bem a obra, e o modo como os trabalhos do geógrafo terão informado muitas das análises do historiador. A sensibilidade à conjuntura e a apreciação dos seus efeitos nas mudanças das estruturas da economia e da sociedade, particularmente marcadas na sua análise do Alentejo, denotariam, no entanto, todo o peso da abordagem histórica. Frédéric Mauro refere-se ainda ao problema das fontes, sobretudo das fontes capazes de fornecer séries estatísticas, escassas nos arquivos portugueses, fazendo notar, porém, que se a história económica quantitativa está relativamente ausente do livro de Silbert, a exploração qualitativa inspirada pela geografia e completada pela reunião de “informações parciais, quadros incompletos e números dispersos”, acaba por levar, apesar de tudo, a “uma ideia aproximada, séria, das quantidades”. Em 1969 seria publicada uma curta recensão a Le problème agraire... no Bulletin Hispanique de autoria de Jean Roche, um historiador interessado no mundo luso-brasileiro que tinha defendido poucos anos antes uma tese sobre o Rio Grande do Sul no século XIX também recenseada por Frédéric Mauro. Ao analisar a rigorosa e erudita publicação das próprias petições enviadas à Comissão da Agricultura das primeiras Cortes liberais (1821-22 e 1822-23) que constitui uma das grandes riquezas da obra, Jean Roche sublinha a sua importância para o estudo dos principais problemas que atravessavam o mundo rural português no inicio dos anos de 1820 e chama também a atenção para o modo como permitem, em termos comparativos, situar a “crise portuguesa” no contexto da “revolução europeia de 1820 e da contra-revolução camponesa do século XIX”. |
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