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SILBERT, Albert | |||||||||||||
Com grande capacidade de visão refere também a sua importância para os estudiosos do léxico e da semântica histórica escrevendo: “Temos pois aqui documentos que nos permitem delimitar campos semânticos, compreender a relação de palavras entre si e de palavras a instituições, estruturas ou mentalidades” (recensão a Albert Silbert, Le problème agraire portugais..., Bulletin Hispanique,1969, v.71, nº1, p.416). No que respeita às reações portuguesas, o primeiro texto que encontramos data do próprio ano de 1966 e consta de uma longa entrevista a Albert Silbert conduzida pelo jornalista Carlos Veiga Pereira, à época exilado em Paris, publicada no Jornal de Letras e Artes com o sub-título de “Duas teses na Sorbonne sobre História de Portugal”. O jornalista situa as duas teses de Silbert na linha de outros estudos de estrangeiros sobre Portugal e o seu império, onde destaca nomes como os de Marcel Bataillon, Léon Bourdon, Frédéric Mauro e, em Inglaterra, Charles Boxer, chamando a atenção também para a novidade dos trabalhos de Silbert no contexto historiográfico português. Novidade que se cifraria na abordagem dos problemas do mundo rural num período geralmente esquecido pela historiografia da época: “predominantemente dominada pela gesta dos descobrimentos e pela expansão ultramarina, limitada quase sempre aos (…) eventos políticos” (Entrevista ao Jornal de Letras e Artes, 7/9/1966). É patente o interesse pela possibilidade destes estudos servirem de suporte a novas abordagens da revolução de 1820 e dos primórdios do liberalismo, sintoma bem claro do interesse que despertavam tais temas e épocas inequivocamente arredados do ensino universitário do Estado Novo. Na mesma entrevista Albert Silbert presta uma vez mais testemunho sobre as dificuldades com que se deparou nos arquivos portugueses atribuindo-as não só à sua deficiente organização, mas também às perdas provocadas pelas invasões e guerras do século XIX além de “incúria ou ignorância lamentável”. Refere também a renovação dos estudos históricos que considera estar em curso em Portugal e liga-a directa ou indirectamente a Vitorino Magalhães Godinho e ao pequeno grupo de historiadores portugueses influenciados pelo seu trabalho: Borges de Macedo, Barradas de Carvalho, Joel Serrão, Piteira Santos. Historiadores de que encontramos vários textos fundamentais no famoso Dicionário de História de Portugal, coordenado por Joel Serrão (1963-71), onde verdadeiramente se espelhou pela primeira vez, em conjunto, a renovação mencionada por Silbert mas onde, curiosamente, ele não colaborou. |
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