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SILBERT, Albert | |||||||||||||
Em 1970 seria publicada em Portugal uma recensão crítica ao Le Portugal Meditérranéen de autoria de Orlando Ribeiro. Uma recensão inabitual, visto ter revestido a forma de livro e conter mais de 200 páginas. O seu título era A Evolução Agrária no Portugal Mediterrâneo, segundo Albert Silbert e nela se apresentavam, de forma mais abreviada em relação às 1200 páginas originais, as propostas de Silbert acompanhadas de um debate minucioso dessas mesmas propostas feitas por um dos seus interlocutores privilegiados. O livro iniciava uma nova série da colecção Chorographia, a Série histórica e não será simples especulação supor que terá sido mais lido em Portugal do que as 1200 páginas escritas e publicadas em francês do próprio Silbert embora não dispense a sua leitura. O livro de Orlando Ribeiro é, assim, um longo diálogo com a obra magna de Silbert onde se percorrem as duas regiões que este elegera para o seu estudo, Beira-Baixa e Alentejo, e se discutem com minúcia as suas teses sobre as formas de propriedade e de exploração nas duas províncias consideradas e o seu respectivo respaldo jurídico, os cultivos, a criação de gado, a sua inserção nos mercados regionais, as vias de circulação e formas de comercialização dos produtos e também a estrutura social, nessa época charneira dos finais do Antigo Regime. São retomadas as temáticas relativas ao coletivismo agrário e ao seu ambíguo papel em regiões já fortemente penetradas pela agricultura e, sobretudo, pela criação de gado comerciais, em particular no que se refere ao uso dos pastos comuns. Orlando Ribeiro considerará que um dos aspectos mais originais da obra de Silbert se prende com a “descoberta” da importância do coletivismo agrário no Alentejo em particular na sua parte norte, na zona de Portalegre, e a sul na região de Campo de Ourique. Este diálogo entre geógrafo e historiador prolonga o que tinha sido já encetado no próprio Le Portugal de Mediterranéen expresso, desde logo, no próprio título da obra. O recorte geográfico escolhido por Silbert para a sua tese era, na realidade, parte daquilo a que Orlando Ribeiro chamara o “Portugal mediterrânico”, um dos três espaços em que tinha dividido o continente português na sua obra fundamental Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico publicada em 1945. Enquanto redigia a sua tese Albert Silbert fora professor do liceu, situação que era corrente em França na sua época, havendo, ainda hoje, maior permeabilidade entre o ensino secundário e superior naquele país do que em Portugal. |
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