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Academia Portuguesa da História II (1936 – 1974)A HistoriografiaI / | ||||||||||||
Efectivamente, a Academia estava muito mais centrada na publicação de colecções e trabalhos que incluíam documentos do que na publicação de grandes narrativas, ainda que, ocasionalmente, se publicasse um trabalho menos documentalmente focado. A importância dos documentos também se via no dinheiro que era investido na sua publicação. Nos primeiros dez anos da Academia, quando o orçamento ainda permitia um plano de publicações razoavelmente largo, a APH gastou cerca de 2.5 milhões de escudos, a maior parte dos quais foi aplicado na publicação de fontes. Já nas reuniões da Academia vários dos trabalhos apresentados eram centrados em documentos ou arquivos específicos, por exemplo, a "Revelação do Verdadeiro Significado dos Sinais Ocultos nas Moedas Portuguesas", comunicação proferida por Pedro Batalha Reis, ou as de Sampaio Ribeiro sobre a biblioteca real de música de D. João IV (APH, Boletim 1945, 100-101; APH, Boletim 1946, 118-119). De mãos dadas com esta preocupação com documentos, vinham também as virtudes da paciência e diligência. O tamanho dos acervos documentais importava, como se vê no Relatório Anual de 1945: "Para se avaliar da extensão dos trabalhos feitos basta dizer que se inventariaram uns seis mil documentos medievais, se elaborou um parecer que ocupa um volume dos 'Anais' e que, para atender ao pedido de esclarecimento de um académico acerca de antigas medidas de distância, outro académico teve de lhe responder com um estudo de setenta e tantas páginas" (APH, Boletim 1945, 121). Tanto a paciência como a diligência acabavam por estar estreitamente ligadas à preocupação com os documentos na medida em que eram virtudes essenciais para uma análise escrupulosa destes. Por outro lado, a actividade da Academia não se prendia exclusivamente com virtudes epistémicas. Existia um aspecto político nacionalista em jogo. Se olharmos para os principais focos de interesse da Academia nas suas publicações, vemos que estes eram a “Fundação da Nacionalidade”, a restauração da independência e a história marítima portuguesa, particularmente no que se relacionava com exploração, descobrimento e colonização. Não só todos os trabalhos lidavam com história pátria como o patriotismo era visto com uma importante virtude escolar. Isto envolvia um nutrir activo da Nação, através da investigação e divulgação dos momentos da história de Portugal que despertam maior orgulho no corpo nacional, tal como através da preservação e continuidade das suas tradições. |
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