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Academia Portuguesa da História II (1936 – 1974)A HistoriografiaI / | ||||||||||||
A APH também participou nas comemorações do 4º centenário de Ponta Delgada, no 5º centenário da descoberta da Guiné (a pedido de Marcelo Caetano, académico e, na altura, Ministro das Colónias) e, claro, nas celebrações do duplo centenário de 1939-1940, principalmente com a publicação da primeira série de Anais, a ele dedicados. De facto, até a perspectiva que os membros da Academia tinham destes trabalhos era elucidativa da importância que o patriotismo, a memória e a história tinham enquanto ente relacional. Afonso Dornelas, primeiro secretário-geral da Academia, diria, em 1940, que os académicos deveriam ser convidados “a apresentar trabalhos, a fim de se formarem volumes, que, no Futuro, permitam apreciar o grau de cultura e patriotismo com que em 1940 se compreendeu o passado” (APH, Boletim 1940, 71-72). Muito ligada à virtude do patriotismo estava a justiça histórica. No discurso de abertura das sessões da Academia, em 1938, António de Vasconcelos escolheu a figura de D. João V, fundador da Real Academia da História Portuguesa, trabalhando o historiador na defesa dessa virtude. “A Academia Portuguesa da História, nascendo agora, vem encontrar as tradições gloriosas da sua predecessora, a Academia Real da História Portuguesa, que no século XVIII surgiu numa época interessantíssima, animada e protegida pela acção dedicada e eficaz do grande Rei D. João V, que tanto trabalhou pelo engrandecimento de Portugal, que tanto amparou e impulsionou com o máximo esforço as Artes e Letras, toda a vida da Nação. Foi necessário um século inteiro de demolição criminosa, de falseamento revoltante da História, para apagar o brilho tão intenso do seu reinado. Hoje, felizmente, pela investigação insistente e laboriosa das fontes, a História vai sendo depurada, e já se faz justiça ao magnânimo chefe da Nação, que foi D. João V” (APH, Boletim 1937-1938, 172-173). Muitas vezes, a justiça histórica trata em primeiro lugar de restaurar a grandeza ou a virtude de um acontecimento ou actor. Se o propósito de uma instituição é conhecer a Nação, então, na maioria das vezes, será a Nação que será restaurada à sua grandeza. A justiça histórica era, portanto, nacionalizada, quanto mais não seja porque a Nação era o objecto de estudo. Torna-se assim possível compreender o que se quer dizer com “definir a verdade histórica no interesse nacional”. Tendo olhado já para o ethos da instituição, e tomando-o como ponto de partida, podemos começar a olhar para contrastes e conflitos na Academia. |
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