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Academia Portuguesa da História II (1936 – 1974)A HistoriografiaI / | ||||||||||||
Este esforço é facilmente visível em várias comunicações ao plenário da Academia, por exemplo na apresentação de Eduardo Lupi, “Campanha contra Gungunhana – Primeiro cinquentenário”, que era apreciada precisamente porque “o seu trabalho versa um período brilhante, sob ponto de vista guerreiro, da nossa história contemporânea” (APH, Boletim 1945, 129-130). Uma perspectiva patriótica deste período torna-se mais importante porque o século XIX era geralmente visto no âmbito da corrente antiliberal como um período de decadência, de "anarquia instaurada pelo triunfo do liberalismo" (Maurício, Invenção, 2005, 210). Outro factor importante na construção da nação, e também intimamente ligado ao patriotismo, era a comemoração do passado nacional. A Academia celebrava rotineiramente efemérides com sessões comemorativas, que incluíam o nascimento do 2º Visconde de Santarém, a figura do então-recém-falecido António de Vasconcelos, Cardeal Francisco Saraiva, Oliveira Martins ou até o então-recém-elevado Académico de Mérito Paulo Merêa. Em quase todas as sessões deste género, algum tipo de justificação patriótica era dada, por exemplo, no caso do 2º Visconde de Santarém, “grande vulto que tão relevantes serviços prestara à Ciência, em geral, e à glória portuguesa, em particular” e “A sua acção foi tão grande que ainda se projecta e avulta nos anais da erudição patriótica portuguesa” (APH, Boletim 1941, 113). No fundo, elogiar historiadores patriotas era elogiar não só a Nação que os sustentava como o passado por eles narrado. Isto mesmo se via em “a ciência e patriotismo com que o Senhor [Joaquim] Bensaúde defrontou a erudição alemã, defendendo a ciência náutica portuguesa, em cuja história se destaca o século de 1430 a 1530, de notabilíssimo progresso devido exclusivamente aos portugueses.” (APH, Boletim 1943, 78-79). A Academia também participava em comemorações de forma mais alargada e cooperativa com outras instituições, principalmente o Estado. Contribuiu com elementos iconográficos para séries de selos que comemoravam reis e guerreiros portugueses, e debruçou-se sobre a localização da batalha de Valdevez, por exemplo. Até historiadores estrangeiros, como Georg Otto Schurhammer, alemão, participavam neste tipo de actividade, no caso, publicando um trabalho em comemoração do descobrimento do Japão (Schurhammer, “Descobrimento”, Anais, Vol. 1, Série II, 17-172). |
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