A Portucalense terá iniciado actividade em 1928, com História de Portugal (1928-1937, em oito volumes), dirigida por Damião Peres. Esta será a obra de maior relevância da editora, estabelecendo um tom para as décadas seguintes: ênfase na publicação historiográfica e proximidade ao nacionalismo cultural, o qual, em parte, estava em sintonia com o regime (na História de Portugal colaboraram também historiadores republicanos de grande valor como Jaime Cortesão e Newton de Macedo). Damião Peres será igualmente o autor com maior presença no seu catálogo, com mais de duas dezenas de obras, nomeadamente História dos Descobrimentos Portugueses ou Como Nasceu Portugal (que atingirá a 7.ª edição em 1970); além de prefácios e edições críticas, como a História Trágico-Marítima, de Bernardo Gomes de Brito, ou a reedição da História da Igreja em Portugal, de Fortunato Almeida, anteriormente editada pelo autor. Outra obra notável foi a História da Arte em Portugal (1942-1956, três volumes), de Reinaldo dos Santos, Mário Chicó e Aarão de Lacerda. Além destes, poderão ser referidos outros historiadores ali editados, como Paulo Merêa, Ruben Andresen Leitão ou David Lopes, entre a centena e meia de títulos que pudemos recolher (fonte: Porbase). Entre esses títulos, raros são os que não abordam temas históricos. Contudo, em 1971, tudo muda. Nesse ano, José Oliveira, então estudante e militante de extrema-esquerda, herda a Portucalense, passando a lançar livros de cariz político, principalmente ensaios, de temáticas e autores de esquerda, como Engels ou Jacques Rancière, entre outros. A Portucalense encerra em 1972, possivelmente por o editor ter sido obrigado a passar à clandestinidade. (F. Maués, Idem, 2019, pp. 232-235.)
Nos anos 40, registam-se mudanças significativas no sector do livro. Surge, por exemplo, um número considerável de novas editoras, fruto de maior dinamismo comercial. Para além da Cosmos, da Portugália ou da Europa-América, nascem: Editorial Inquérito (1938), Didáctica Editora (1944), Livros do Brasil (1944), Porto Editora (1944) e Editora Ulisseia (1946), entre outras. Algumas fecham ao fim de alguns anos, outras sobrevivem à crise do final da década, ganhando importância nos decénios seguintes. Surge também uma nova figura, a de director de colecção, cujo exemplo paradigmático será Bento de Jesus Caraça, na Cosmos. A nível visual, nota-se um maior cuidado no grafismo e na capa, inovações que muito devem à Ática e à revista Presença. Os editores fortalecem a sua representação profissional com o Grémio Nacional dos Editores e Livreiros – que publicará a revista Livros de Portugal, direccionada aos profissionais do sector. (N. Medeiros, Idem, 2010, pp. 131-138.)