Na área da não-ficção, de cariz academizante, a forte acção da Europa-América começa logo nos seus primórdios com a colecção «Saber», dividida em várias secções, fruto de um acordo com a Presses Universitaires de France para lançar traduções da colecção «Que sais-je?». Mas foi mais além, editando autores portugueses – A Inquisição Portuguesa, de António José Saraiva, por exemplo – e de outras proveniências. O ano de 1954 assinala o início de uma nova colecção, «Estudos e Documentos», com o volume VII de Ensaios,de António Sérgio (nome que ficará, contudo, mais ligado à Sá da Costa), tendo também editado, por exemplo, Para a História da Cultura em Portugal, de António José Saraiva, ou Geografia e Economia da Revolução de 1820, de Fernando Piteira Santos. Nos momentos de maior dinamismo, lançar-se-á um título por mês nesta colecção, principalmente sobre temas de actualidade, mas também históricos. (N. Medeiros, Idem, 2010, pp. 175-191.)
Em 1953, foi fundada a Livros Horizonte, por Rogério de Moura (1925-2008), cuja carreira começou pela importação de livros do Brasil, onde o irmão também era editor. No seu percurso profissional, já passara pela Editorial Confluência, que acabaria por comprar e na qual publicou uma edição revista e actualizada do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de António de Morais Silva. (N. Medeiros, Idem, 2010, pp. 167-168.) A Livros Horizonte destacou-se desde o início na área de não-ficção, nomeadamente história. É de realçar a «Colecção Horizonte», dirigida por Joel Serrão e contando com nomes como A. H. Oliveira Marques, Joaquim Barradas de Carvalho, Orlando Ribeiro, Vitorino Magalhães Godinho, José-Augusto França e João Medina, entre outros. Joel Serrão também publicará nesta casa uma parte considerável da sua obra, mais tarde organizada em colecção própria («Obras de Joel Serrão»), acompanhando as obras completas de Jaime Cortesão (inicialmente na Portugália) e as de Victor de Sá.
Apesar de Joel Serrão ter sido um dos grandes colaboradores da Horizonte, o seu Dicionário da História de Portugal – um dos projectos mais relevantes da historiografia portuguesa, reunindo contributos dos principais historiadores da época e de alguns dos que se destacarão nos anos seguintes – será lançado pela Iniciativas Editoriais. Fundada em 1956 por José Fernandes Fafe, Carlos de Oliveira e José Gomes Ferreira – e conotada claramente com a oposição ao regime –, irá, nos anos 60, apostar sobretudo na literatura e, depois do 25 de Abril, no ensaio político, momento em que mostra uma grande vitalidade. Entrará, contudo, em dificuldades, encerrando no final dos anos 70. (F. Maués, Idem, 2019, pp. 237-240.)