Pelo que ficou dito, facilmente se intui que a acção da Imprensa Nacional no campo específico da história será vasta, principalmente em obras de maior fôlego. Referimos apenas algumas, de maior dimensão: Dicionário Bibliográfico Português (1858-1923, 22 volumes), de Inocêncio Francisco da Silva, Brito Aranha, entre outros; História de Portugal dos Séculos XVII e XVIII (1860-1871, cinco volumes), de L. A. Rebelo da Silva; História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal (1866-1890, 19 volumes), de Luz Soriano; as Obras Completas do Cardeal Saraiva (1872-1883, dez volumes); a História da Administração Pública em Portugal nos Séculos XII a XV (1885-1922, dez volumes), de Gama Barros; a História Orgânica e Política do Exército Português (1902-1932, 17 volumes), de Cristóvão Aires de Magalhães Sepúlveda (em conjunto com a Imprensa da Universidade). Poder-se-ia ainda referir Cunha Ravara, Vicente d’Almeida Eça ou Latino Coelho, apenas alguns dos nomes mais relevantes que também passaram pelos catálogos da Imprensa Nacional.
A actividade editorial da Universidade de Coimbra remonta a meados do século XVI, quando já existia um impressor e material de impressão ao serviço da universidade. Mas a Imprensa da Universidade só viria a ser criada em 1772, após a reforma pombalina, com novo e melhor material. Publicava então, essencialmente, as obras dos professores, o que levou a alguma quebra de negócio entre os impressores da cidade. Mas essa actividade abranda na primeira metade do século XIX – fruto da instabilidade política e dos métodos de ensino, pouco propensos a estimular o consumo livreiro –, notando-se um certo desinvestimento: reduz-se o número de obras editadas e os rendimentos passam a vir principalmente de outros trabalhos tipográficos, como a composição de livros administrativos. A partir dos anos de 1860, regista-se uma inversão de ciclo, com maior investimento, editando-se mais. Esse novo ciclo, por sua vez, termina no final do século, com os problemas económicos que atingem o país, as divergências entre os órgãos dirigentes da editora e a concorrência de outros editores da cidade (nomeadamente França Amado). Mas a instituição recupera durante a República. Contudo, a actividade editorial da Imprensa da Universidade, que apesar dos vários ciclos nunca se interrompera, termina abruptamente em 1934, extinta pelo Estado Novo, quando era dirigida pelo historiador Joaquim de Carvalho, professor da Universidade de Coimbra, que adoptara uma política editorial muito diversificada. Entre os motivos para a extinção, talvez se possa apontar, entre outros, a necessidade de impedir que uma instituição com produção livreira significativa escapasse ao controlo do regime, o ambiente de tensão política ou mesmo uma vontade em beneficiar a indústria privada. A universidade não contestou a decisão, e os livros passam a sair com a menção “por ordem da Universidade” até ao relançamento da editora. (F. T. Fonseca et al., Imprensa…, 2001.)