A Parceria A. M. Pereira, fundada em 1848 por António Maria Pereira (1824-1880) – de origens humildes, aprendeu o ofício de encadernador na Casa dos Vinte e Quatro –, assumiu certa importância até às primeiras décadas do século seguinte. Manter-se-á nas mãos da família durante um século, sendo gerida pelo filho (de 1880 a 1898, quando morre) e o neto (a partir dos anos 20), homónimos. A editora acabará por soçobrar após a II Guerra Mundial – quando conheceu um período de algum fulgor, com a venda de títulos relacionados com o conflito, mas que levarão ao acumular de dívidas –, num processo que se arrastou até ao 25 de Abril, tendo sido intervencionada pelo Estado Novo através da Companhia Nacional Editora, que assumiu o controlo da empresa para proceder ao saneamento financeiro, o qual, contudo, nunca se verificou. Um dos motivos possíveis para este fim talvez resida na incapacidade de António Maria Pereira, o neto, em atrair novos nomes das letras, não chegando assim a novos públicos, e em se afastar do regime, com o qual simpatizava (foi presidente do Grémio Nacional dos Editores e Livreiros e vereador da Câmara Municipal de Lisboa, por exemplo). O que levou a Parceria a ficar conotada com o regime, perdendo leitores. (A. M. Pereira, Parceria…, 1998.) Após o 25 de Abril, a empresa será ocupada pelos trabalhadores, fechando em 1980. A Parceria manteve, ao longo da sua trajectória, um cariz generalista, editando todos os géneros, desde autores consagrados (como Camilo Castelo Branco) a romances para o grande público, passando por dicionários, manuais escolares, obras religiosas, etc. Embora a história não seja central na sua estratégia, não deixa de surgir nos catálogos, principalmente numa lógica comercial. Assegura, por exemplo, a publicação das obras de Oliveira Martins entre os anos de 1890 e os de 1940 (trabalho prosseguido depois pela Guimarães Editores), com sucessivas reedições; também Pinheiro Chagas ou Júlio de Castilho publicarão nesta editora.
Henrique Marques (1859-1933), antigo empregado da Parceria, foi um dos mentores da Empresa da História de Portugal, muito activa no início do século XX. Foi constituída em 1898, com o objectivo de reeditar a História de Portugal: Popular e Ilustrada, de Pinheiro Chagas (oito volumes, a que se acrescem seis de Barbosa Colen, Marques Gomes e Alfredo Gallis, até 1909), em fascículos semanais de 16 páginas, modelo de venda privilegiado pela editora. A obra já antes fora editada anonimamente, em 1867, apresentando como autor uma Sociedade de Homens de Letras, tendo depois saído uma segunda edição. O êxito da História de Portugal permitirá alargar o seu catálogo para outros autores e apostar em novos projectos, como por exemplo as obras de L. A. Rebelo da Silva – em 41 volumes, reunindo muito material disperso –, de António Feliciano de Castilho ou de Almeida Garrett; ou ainda edições em fascículos d’Os Lusíadas ou da Bíblia, também com grande aceitação. A empresa será dissolvida em 1916. (H. Marques, Memórias…, 1935, pp. 211 et seq.)