Mas se a colecção termina em 1948, com a morte do seu director, a Cosmos mantém-se, continuando a publicar nas décadas seguintes e desempenhando um papel relevante na edição historiográfica (não já numa perspectiva meramente de divulgação, mas procurando lançar títulos cientificamente relevantes para a área). Vitorino Magalhães Godinho assumiu um papel importante na escolha dos títulos a editar, dirigindo várias colecções (nomeadamente a «Marcha da Humanidade»), as quais, embora não tenham atingido o êxito da «Biblioteca Cosmos», nem o seu ritmo, permitiram a publicação de um conjunto assinalável de obras, muitas delas traduzidas, de historiadores e sociólogos de relevo: Charles Morazé, Fernand Braudel ou Georges Gurvitch.
Agostinho Fernandes (1886-1972), mecenas e empresário de pescas e conservas, funda a Portugália Editora em 1942, com Pedro de Andrade e Raul Dias, então proprietários da Livraria Portugália, que irá partilha o nome com a nova empresa. Nos primeiros anos, pela mão de Gaspar Simões, regista um grande dinamismo, que se perde com a sua saída em 1946. Só recupera uma década depois, com a fugaz passagem de Jorge de Sena e, principalmente, com a acção do também historiador Augusto da Costa Dias (1919-1976), que o substitui e renova por completo o catálogo da editora, tornando-a numa das mais relevantes dos anos 60 e apostando na publicação de nomes contrários ao regime. Embora seja na literatura que a marca da editora mais se faz sentir, no campo da história é de salientar a colecção «Portugália», que publicou historiadores de grande relevância, como A. H. Oliveira Marques, Joel Serrão, Victor de Sá, Armando de Castro, António Borges Coelho, José Tengarrinha; ou ainda a colecção «Obras Completas de Jaime Cortesão» (depois publicadas pela Livros Horizonte). (N. Medeiros, Idem, pp. 241-246.)
Embora sofrendo um acosso constante da Censura e da PIDE, a Publicações Europa-América afirma-se, entre os anos 50 e os anos 70, como uma das editoras mais influentes e de maior crescimento do país. Foi fundada em 1945 por Adelino Lyon de Castro, Manuel Rodrigues de Oliveira, que sairá da sociedade, e Francisco Lyon de Castro (1914-2004) – que se assumirá como o principal responsável pela editora e como um dos mais influentes editores das décadas seguintes. De início, a empresa tinha como objectivo a importação de livros e revistas, mas redireccionou o negócio para a edição em 1949. Antes de enveredar por este caminho, Francisco Lyon de Castro teve uma experiência bastante intensa como activista político. Militante do PCP desde 1932, esteve exilado em Madrid e Paris, mas regressou a Portugal, tendo sido preso em 1935. Só foi libertado em 1940, ano em que se desfilia do partido. Nas décadas seguintes, voltará várias vezes à prisão, com a PIDE e a Censura a atacar frequentemente a editora. Apesar de tudo, Lyon de Castro consegue erguer uma enorme estrutura, com várias chancelas, tipografia e uma rede livreira. O momento-chave para este crescimento, no final dos anos 50, início dos anos 60, será o lançamento de 2455, Cela da Morte, de Carly Chessman, que chegou a vender cerca de 100 mil exemplares em dois meses, e a contratação das obras de Jorge Amado, nomeadamente Gabriela, Cravo e Canela, outro êxito. (N. Medeiros, Idem, 2010, pp. 175-191.)