Foi um iminente polemista como evidencia a sua História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal (1859) que pretendia combater o centralismo e o catolicismo ultramontano, em nome do espírito de tolerância liberal. Do ponto de vista institucional esta obra apresenta, também, um quadro completo da criação e desenvolvimento da Inquisição, bem como da regulamentação e funcionamento do tribunal, constituindo uma obra imprescindível para o seu estudo. A propósito de uma outra polémica no parlamento para “ressuscitar” o Colégio do Nobres, Herculano traçou a história desta instituição Da Escola Politécnica e do Colégio dos Nobres (1841).

A extensa obra de Simão José da Luz Soriano (1802-1891) constituiu outro marco da historiografia institucional não académica. Bacharel em medicina (UC, 1842), oficial da Marinha, deputado por Angola durante a Regeneração e homem dos sete ofícios, filho de pais humildes, estudou na Casa Pia e na UC como bolseiro. Interrompeu os estudos por causa da guerra civil, alistando-se no batalhão dos académicos de Coimbra e acompanhou os exilados até à ilha Terceira (1829). Encomendada pelo governo (foi Sá da Bandeira, Ministro da Guerra, que contratou a obra, 1861), a História da Guerra Civil e do Estabelecimento do Governo Parlamentar em Portugal, comprehendendo a história diplomática, militar e política d’este reino desde 1777 até 1834, (19 vol., 1866-1890) surge no seguimento da História do Cerco do Porto (1846-1849). No prefácio reconhece que escreve “por conta do governo” (Tomo I, p. XIII ) e propõe-se acompanhar os avanços europeus em matéria de “investigação e progresso” dos “estudos históricos”, já que “a história de qualquer povo, relatando as suas instituições, os seus costumes, o sistema do seu governo”, deve contribuir para a “ilustração e civilização desse povo” (Id., p. VII). Com base num sólido conjunto de fontes, que transcreve e publica em anexo, Luz Soriano considera que o “máximo interesse” da História de Portugal deve começar “quando muito no reinado de D. Pedro II” porque só a partir de então o reino “começou a progredir novamente na estrada da ilustração e civilização” (Id., pp. VIII-IX). Considerando de grande importância as medidas pombalinas (que abordaria numa outra obra), resolve iniciar a sua narrativa no reinado de D. Maria I e terminá-la no início do reinado de D. Maria II, quando as instituições liberais se consolidaram. De forma particular, divide o período em três épocas: de D. Maria I até à primeira invasão francesa (1777-1807); a que coincide com a guerra peninsular (1808-1814); e a terceira, de 1815 até 1834.

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