A narrativa positivista é mesclada por opiniões e juízos pessoais pelo facto de ter participado nos factos que descreve. É também autor de uma História do Reinado de El-Rei D. José e da Administração do Marquez de Pombal (1867) e da Vida do Marquez de Sá da Bandeira (1887).

Vejamos, agora, duas Histórias de Portugal que surgiram depois da que Herculano não completou. Uma, com qualidade menor, de Manuel Pinheiro Chagas (1842/1895), História de Portugal desde os tempos mais remotos até à atualidade, escrita segundo o plano de Ferdinand Denis por uma Sociedade de Homens de Letras (8 vols.) e a História de Portugal popular e ilustrada, continuada por J. Barbosa Colen, Marques Gomes e Alfredo Gallis (14 vols, 1899-1909). São obras que se baseiam fundamentalmente em estudos de outros autores, constituindo uma narrativa de factos onde se valoriza a ação dos grandes homens e dos episódios mais marcantes com o objectivo da divulgação histórica (Sérgio C. Matos, Idem, pp. 37-38).

Outra, mais significativa, de Luís Augusto Rebelo da Silva (1822-1871), alto funcionário da administração pública, jornalista e político que exerceu os cargos de deputado, Par do Reino e ministro no governo do duque de Loulé (1869-70), magistrado e deputado às Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa (1821) e membro da Regência do Brasil de 1822. Foi um dos primeiros professores de História do Curso Superior de Letras (1859), sócio da ARCL (desde 1854) e membro do Conservatório Nacional, do Instituto de Coimbra e de várias instituições brasileiras. A sua História de Portugal nos séculos XVII e XVIII, (1860-1871, 5 vols.) foi patrocinada pelo poder político (1858, portaria do Marquês de Loulé) e pretendia dar resposta à difusão das ideias iberistas (Sérgio C. Matos, Idem, p. 100). Na senda de Herculano, a erudição e o rigor dos factos assentam em documentação sólida e, embora o âmbito cronológico se limite ao período entre o reinado de D. Sebastião e a Restauração, pretendeu apresentar um vasto panorama da sociedade portuguesa: quadro geral da população, agricultura, indústria, comércio e o estatuto dos diversos grupos sociais nas suas relações com o poder e as instituições, apresentadas de forma global (políticas, administrativas, judiciais e da fazenda, mas também militares, policiais, religiosas, culturais, instrução pública, assistência e caridade).

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