E o aparecimento de grandes sínteses e monografias que envolveram o trabalho em equipa ou a investigação individual aprofundada, embora as monografias académicas sejam raras. Podemos dizer o mesmo sobre as Histórias Gerais quase sempre inacabadas. Percebe-se, assim, que esta historiografia só pode ser compreendida e analisada tendo em atenção o ambiente em que os historiadores trabalharam, os recursos humanos e materais disponíveis, o nível de desenvolvimento técnico da arquivística e da biblioteconomia, a tipologia das fontes e, sobretudo, o entendimento teórico dos conceitos de poder e de instituição.

Para o recenseamento mais importante desta historiografia temos que começar, obviamente, por Pascoal de Melo Freire (1738-1798), Lente de Direito Pátrio da UC, autor do primeiro manual de História do Direito, Historia juris civilis lusitani (redigido entre 1783 e 1789), Instituições do Direito Civil Português (tanto público como particular), adotado como compêndio nas FD [?] e cuja influência perdurou até meados do século XIX. No Livro I (títulos VII a XV) invoca os vereadores, almotacés, companhias do comércio, Fábrica das Sedas de Lisboa, Fábrica de Panos da Covilhã, Junta do Comércio, Juiz da Índia e Mina, Conselho Ultramarino, Almotacé-mor, Provedor da Saúde, Provedor Régio, Intendente Geral da Polícia da Corte e do Reino, Real Mesa Censória, alcaides-mores, capitão de ordenanças, corregedores, provedores, juízes, Auditor Militar, Conselho de Guerra. No Livro II (título II) descreve as competências do Desembargo do Paço, dos municípios, juízes ordinários, vereadores, oficiais, juízes dos órfãos, de vintena para, no título III, dissertar sobre a correição, donatários, ouvidores, Casa da Rainha, Real Casa do Infante, Casa dos Duques de Bragança, oficiais maiores (mordomo-mor, almotacé-mor, aposentador-mor, monteiro-mor) e suas competências. Ao hierarquizar os tratamentos protocolares lista uma série de ofícios régios além dos Grandes do Reino, Eclesiásticos, Duques, Marqueses e Condes. Foi continuado, em alguma medida, por Francisco Coelho de Sousa Sampaio (17?/1820?) com as Prelecções do Direito Pátrio, Público e Particular (1793) e, sobretudo, por Coelho da Rocha (1793-1850) docente da FDUC com o Ensaio sobre a História do Governo e Legislação de Portugal para servir de Introdução ao Estudo do Direito Pátrio (1841, manual até ao final do século) e as Instituições de Direito Civil Portuguêz, para uso dos seus discípulos (1848), em especial a história sobre morgados, vínculos, capelas, aforamentos, legados pios e enfiteuse.

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | (Pdf)