A esta moda colecionista associou-se o enciclopedismo com trabalhos que, ainda hoje, são de consulta obrigatória como a obra de Inocêncio Francisco da Silva (1810-1876), Diccionario Bibliographico Portuguez (continuado por Wesceslau de Brito Aranha e J.J. Gomes de Brito), 1858-1958 , 25 volumes; de Clemente José dos Santos (barão de São Clemente, 1818-1892), taquigrafo na Câmara dos Pares, Documentos para a História das Cortes Geraes da Nação Portuguesa (1884, oito volumes); do Visconde de Santarém (1791-1856), Memórias para a História, e Theoria das Cortes Geraes, que em Portugal se celebraram pelos Tres Estados do Reino, ordennadas e compostas neste anno de 1824 (1827-8), com nova edição e um estudo de António Sardinha (1924), o Diccionário Jornalistico Portuguez de Augusto Xavier da Silva Pereira (1838/1902), 1889, ou o Diccionario Histórico, Chorografico, Heraldico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico (1904-1915).

Por outro lado, a marca da componente ideológica foi evidente na seleção das instituições e no género narrativo. A vitória dos liberais (1834), a implantação da República (1910) e o 28 de maio (1926), para além de forçarem esta contaminação, fixaram a memória dos seus “heróis” e a educação das gerações através da “aprendizagem” do passado (caso emblemático do culto da ´memória nacional`, ver Sérgio C. Matos, Historiografia e Memória Nacional (1846-1898), 1998, p. 240). Os pontos altos desta história, indisfarçavelmente engagé, foram o Congresso do Mundo Português (1940), o VIII Centenário da Fundação de Portugal (1943) e o III Centenário da Restauração (1940). Acontecia o mesmo na história do direito com o retorno ao dogma legalista-estadualista, forçando a cumplicidade do Direito do Estado com o Direito da Nação, dogmática bem ilustrada por Luís Cabral de Moncada (1888-1974), jurista e professor de Direito da UC, um ativista do Integralismo Lusitano e do nacional-sindicalismo, diretor da FD (1955 a 1958), vice-reitor da UC (1932 a 40), condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1969) e honoris causa pela universidade de Heidelberg (1936).

Se estas características dominaram a historiografia referente ao período do DHP, o facto é que houve, também, singularidades de que destacaríamos duas. O debate que começou nos finais do século XIX sobre a periodização política e institucional, tendo em conta a definição de lógicas de continuidade do processo histórico e o critério da utilização dos reinados como períodos «naturais» e lineares.

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