David Augusto Corazzi (1845-1896) deixou um legado ímpar. Começa por publicar, em 1870, romances para o grande público, nomeadamente Júlio Verne ou Ponson du Terrail, fundando a Empresa Horas Românticas; a qual mudará várias vezes de nome, tornando-se Casa Editora David Corazzi, depois Companhia Nacional Editora (em 1888, com a entrada de novos sócios) e, por último, A Editora (em 1906), tendo encerrado definitivamente em 1912. Quanto a Corazzi, abandonou a profissão em 1890, por motivos de saúde; mas durante o seu percurso, revelou-se um mestre e um pioneiro no uso de técnicas publicitárias, na capacidade de conquistar novos públicos e de abrir novas vias para a divulgação do livro, nomeadamente com a criação de colecções de cariz popular. Entre elas, a «Biblioteca do Povo e das Escolas» foi a que maior impacto gerou. Era constituída por pequenos volumes de 64 páginas, a preço muito acessível e com tiragens que rondavam os milhares de exemplares, distribuídos localmente por uma rede de agentes em todo o país. Publicavam-se em séries de oito, em pequeno formato, existindo a intenção editorial de que o leitor encadernasse depois esses volumes em conjunto.
Entre 1881 e 1891, publica 196 volumes, que primeiro saem quinzenalmente, depois mensalmente. É este o seu período de maior impacto. A colecção continuará após a saída do seu mentor, até 1913, mas já com um ritmo irregular. Ao todo, publicará 237 livros. História de Portugal, de Xavier da Cunha, seu director literário, inaugura a colecção, a qual regressa regularmente a assuntos históricos, de temática variada, como, por exemplo, história antiga, descobrimentos, história do Brasil ou Invasões Francesas; de autores como José de Arriaga, Vicente d’Almeida Eça, José Leite de Vasconcelos, entre outros. Apesar de a colecção ter tido um âmbito temático muito variado, com grande destaque para livros práticos, de ciências naturais ou higiene; a história foi sempre das áreas com maior número de publicações. (M. Domingos, Estudos…, pp. 13-134; M. Viana, “David Corazzi…”, 1990.)
Ainda no século XIX, são muitas as obras que saem das tipografias de periódicos (Panorama, Gazeta de Portugal, Comércio do Porto, etc.), outras são edições de autor, sem que tal se mencione, surgindo apenas o nome da tipografia. O que dificulta a reconstituição da sua história. (A. Anselmo, Idem, 1997, pp. 126-128.) Destas tipografias, é de salientar a do Panorama, periódico de reconhecida importância para a historiografia portuguesa, e que também imprimiu livros, nomeadamente de L. A. Rebelo da Silva.