Surgido em 1921 o grupo dos seareiros depressa abriu caminho como movimento de ideias, influenciando uma que outra vez o poder político. Empenhou-se continuadamente na manutenção do regime republicano e das liberdades públicas. Por isso se afastou de golpes militares, e combateu a situação criada em 28 de maio, sobretudo pela pena de Raul Proença. Depois, parte dos seus membros irão conspirar e intervir de armas na mão na revolução do 3/7 de Fevereiro de 1927 – contra a ditadura militar – e foi o caso de Cortesão. Alguns ter-se-ão exilado em data próxima do pronunciamento militar – acontecerá com Sérgio – que parte ao ser prevenido de que estava para ser preso. Outros serão demitidos e perseguidos pelos tropas, pelos monárquicos e pelos clericais que a eles se juntaram. Como bem se evidencia nos Panfletos redigidos por Raul Proença, ainda em 1926. Uns rumam ao exílio, outros são presos. Cortesão passará a França e a Espanha e em 1940 será mesmo banido da Pátria quando a ela regressar. A Seara Nova não conseguirá manterá as mesmas preocupações reformadoras nos anos que se seguem: no centro da sua doutrinação passará a estar a resistência possível ao Estado Novo. Que Sérgio viverá no exílio interior – a partir do regresso em 1933 –, Cortesão no Brasil (depois de 1940). E assim a história seareira ficaria, como talvez escrevesse José Rodrigues Miguéis, como uma das “capelas imperfeitas” do grupo. Embora com algumas realizações.
Sairia em 1929, em tradução castelhana, a Historia de Portugal na Editora Labor, de Barcelona. Cujo texto já tinha sido em 1928 traduzido para Inglês (Sérgio, Sketches), ficando o original português a aguardar por 1972 para ser impresso (Sérgio, Breve). Será como que o ponto de chegada destes anos primeiros de um labor permanente em prol das reformas em Portugal. Em que a história ocupa um posição central, como instrumento intelectual de actuação sobre a sociedade. História porém – para Sérgio – sem investigação de arquivo – mera reflexão sobre assuntos que à história investigativa depreciativamente ficavam entregues. E muitas vezes dita apenas de erudição arquivística. Pelo contrário, o que Sérgio propunha era, em palavras de Jaime Cortesão trinta anos mais tarde, “um balanço crítico, do passado, uma regra moral para o futuro.” (Sérgio, Combates, vol. II, p. 281). E essa seria afinal, a utilidade – e necessidade – que os seareiros atribuíam à História de Portugal. De servir como mostrador de uma visão crítica do passado e de estabelecer uma norma reguladora dos comportamentos morais da sociedade no futuro.