E logo destaca os factores económicos, e muito em especial a vinda de “muito oiro e escravos, que começaram a substituir os brancos nos misteres, pela metade meridional do país, com grave prejuízo da estabilidade da Grei.” (Sérgio, Bosquejo, p. 28). O grande ensejo de passar do Atlântico ao Índico vai concretizar-se com Bartolomeu Dias para depois Vasco da Gama chegar a Calecute. Abria-se a expansão pelo Oriente.
Porém as coisas não vão ser como se poderia esperar: “Em terras longínquas, muito fora do alcance do monarca, calcula-se quanto os abusos seriam fáceis. Breve se lançaram, o Estado e os particulares, nas maiores perversões da via económica e moral. Comprávamos as mercadorias orientais com oiro e produtos da indústria alheia (da Itália, França, Alemanha, etc, etc.); simples intermediários, estiolava-se-nos assim a capacidade produtora, vivia de empréstimo a juros altos […]. Não tínhamos actividades industriais que pudessem desenvolver-se com esse comércio do Oriente.” E a conclusão impunha-se: “Espalhámo-nos assim por toda a Ásia, até às Molucas, numa prodigiosa e anárquica manifestação de energia.” (Sérgio, Bosquejo, pp. 33-34). Pelo contrário, merece-lhe boa referência a actividade colonizadora baseada na agricultura da cana e na produção de açúcar do Brasil. Brasil que depois no século XVIII, pelo ouro que, contraditoriamente, vai ser “a sorte grande”, o que “tornou desnecessária a reformação.” E, mais uma vez, se persiste no mesmo, com o parasitismo a dominar. Virá a destacar-se depois a tentativa de Pombal, “muitíssimo enérgico, mas tiranicíssimo, homem que se propôs realizar, mas deturpando-o, o pensamento reformador da elite portuguesa do seu tempo.” (Sérgio, Bosquejo, p. 36).
Para encerrar, virá a 3ª época: “Tentativas de remodelação interna”. Que se deveria seguir à independência do Brasil, forçosamente. Porém as reformas de Mouzinho da Silveira, que isso pretendiam, ficaram inconclusas, e sobre elas se veio a derramar a política fontista dos empréstimos externos, que bloquearam as necessárias transformações internas. A República também não atacou nem “resolveu profundamente o problema básico da nacionalidade: abrir, na metrópole, empregos criados à actividade dos cidadãos pela modificação do regime agrário, pelo aproveitamento das forças hidráulicas, pela modernização dos métodos de trabalho, pela importação do trabalho científico, pelo estabelecimento de uma pedagogia nova, essencialmente activa e produtora.” (Sérgio, Bosquejo, pp. 50 e 59-60).