Será esta uma notável pugna, não sobre o D. Sebastião histórico mas sobre o sentimentalismo inconsequente que se estava a instalar na sociedade, em grande parte gerado pelas filosofias anti-racionalistas, mas também pelos saudosismos políticos de importação, nomeadamente os integralistas. Findava assim a polémica, sem que Sérgio depois respondesse a outros ataques com que os integralistas e quejandos continuaram a alvejá-lo. De “insigne trapalhão” o qualificará mesmo Manuel Múrias. Do livrinho sobre Camões e D. Sebastião escreve que não passava de “um enxovedo de dispautérios, com refinada má fé acolchetados a textos nem sempre trasladados fielmente.” Para além de “afirmações descabidas”, havia que contar com a sua “ignorância habitual” e com o seu “desvairamento crítico”. (Múrias, A política, pp. 63, 64 e 68). Os integralistas partidários do regresso ao absolutismo, não perdoavam a quantos entendiam caminhar para a Democracia. Essa a questão, esse o grande debate.
Mais próximo de uma polémica com um tema histórico é a que Sérgio travou sobre o Seiscentismo. Embora esta tivesse ficado interrompida pela morte de António Sardinha, o outro dos contendores. (Múrias, O Seiscentismo; Sardinha, “O Século XVII; Sérgio, O Seiscentismo). Polémicas laterais ao objectivo central, que era o de provocar a sociedade para que se fizessem as reformas indispensáveis: na economia e na educação. “O que urge é educar para e pelo trabalho, produzir para educar e pela educação. A resolução dos dois mais graves problemas – o educativo e o económico – faz-se concomitantemente.” (Cortesão, in Cardia, Seara, vol. I, p. 256)
Para além das interpretações ensaísticas de António Sérgio, um outro tipo de história, investigativa, também faz a sua entrada na Seara Nova: o que se vai dever à descoberta da pesquisa histórica por Jaime Cortesão, que a começa a praticar apenas nos primeiros anos Vinte. (Magalhães, “No trilho”). Não, em primeiro lugar, para sustentar a sua actuação cívica e política, mas logo como historiador que se lança numa empenhada carreira. Em que pretende ver resolvidos alguns problemas fulcrais da historiografia, nomeadamente a crítica das fontes. A viragem dar-se-á por 1922 quando colabora na História da Colonização Portuguesa do Brasil dirigida por Carlos Malheiro Dias, de que sairá em volume A expedição de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil.