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Com o limite de idade acabava o contacto permanente e vivificador com os estudantes. Iria viver mais 23 anos, sem afrouxar as duas outras actividades em que desde cedo se empenhara. Porque a produção de Magalhães Godinho não aliviou. Muitos e muitos artigos e livros foram sendo produzidos, apresentadas aqui e ali ao sabor dos muitos convites que lhe eram dirigidos (e que a poucos afinal acedia). À Comissão de Ciências Humanas e Humanidades da European Science Foundation de que fez parte, dinamizando aspectos fundamentais para a pesquisa, como aceitara ser eleito para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, correspondente da Academia Brasileira de Letras e membro da British Academy. Não lhe faltou o grande prémio da Fundação Balzan, em 1991, ponto máximo do reconhecimento do seu labor docente e da qualidade da sua investigação e obra de historiador. Enquanto não esquecia as obrigações cívicas que o obrigavam a uma intervenção por vezes aguerrida. Pesquisador que nunca conseguiu dispor do centro de trabalho que várias vezes propôs que fosse criado. Que sonhou fosse um Instituto Português de História dos Descobrimentos e da Expansão Europeia. Só depois se poderia ambicionar a realização de comemorações significativas – porque desde 1947 se insurgia contra o comemorativismo que as instâncias oficiais promoviam. Criação que umas vezes falhava por culpa dos que não atendiam às suas propostas, outras também pelas exigências de total autonomia que sempre acompanhava os seus pedidos. Mal foi que nunca ambas as posições se conjugassem, de modo a proporcionar a Magalhães Godinho a orientação de trabalhos sobre a realidade portuguesa que assim falhou. Em 1990 sai Mito e Mercadoria, Utopia e Prática de Navegar – séculos XIII – XVIII. Nessa obra reúne parte do que de mais decisivo tinha trazido ao conhecimento da expansão portuguesa e mundial nos últimos anos. Sempre inquirindo o que é Portugal, o que são os Portugueses. Tentando inflectir o que se ia escrevendo sobre história dos descobrimentos, e dando deles um panorama de uma enorme riqueza, em que se mostram permanências e inovações, economias, sociedades, estruturas culturais e ferramentas mentais. Boxer confessará: “nunca escrevi um livro com essa dimensão intelectual.” |
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