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A EQUIPA
CONTACTO
Livro notável, uma vez mais, de problematização, de procura de resposta a uma complexidade não escondida em que se imbricam estrutura, conjunturas e acontecimentos que o historiador cientista social sabe valorizar segundo uma pluralidade de linhas explicativas muito ricas. Portugal a emergência de uma Nação ainda não seria o termo da sua longa e profícua carreira, e trabalhos de difusão de ideias ainda acrescem, passados os 90 anos, assinalados pelo Jornal de Letras, Artes e Ideias que o seu director José Carlos de Vasconcelos pôs sempre à disposição do historiador e do cidadão. Que aí várias vezes colaborará e onde várias entrevistas consigo serão publicadas.
Será em 2008 que reaparece A expansão quatrocentista portuguesa, datada de 1945, com reedição muito enriquecida em 1962 (recebendo então o título de A economia dos descobrimentos henriquinos). Que agora é retomada com a designação primeira – merecendo bastantes actualizações e muitos retoques, acrescentos substanciais numa arquitectura estruturalmente idêntica. Trata-se da obra-prima de Vitorino Magalhães Godinho, trabalho de base para se entender por que Portugal arranca para o Atlântico e para além-mar. Porquê um pequeno reino do Finisterra europeu se lança na descoberta e depois na colonização de largos espaços em vários continentes? Como a sua situação – entre o Atlântico e o Mediterrâneo, não longe do mundo islâmico com que se confronta e combate – ajuda a explicar esse arranque para outras paragens? Como as actividades comerciais em que se implica desencadeiam a curiosidade e a decisão de largar em procura de outros mundos? Como a necessidade de metais preciosos e de cereais levam a conquistas e guerras? Como a situação estratégica nos negócios em crescimento nos finais da Idade Média implica uma inserção de Portugal nas grandes linhas definidoras da Modernidade? Páginas antigas e páginas novas, aproveitamentos e reaproveitamentos, em que alguns capítulos podem representar uma abertura para novos estudos sobre os descobrimentos marítimos. Porque há que explicar a viabilidade material das navegações, e a sua aparelhagem técnica. E isto à luz das fontes reinterpretadas, não de imaginações descabeladas, assentes sobre palpites. Importa considerar a experiência náutica no Atlântico, esse “humanismo técnico que se interpõe entre o mundo do pouco mais ou menos, ou até do arbitrário, da ausência de destrinça entre o possível e o impossível, do predomínio da autoridade livresca sobre a observação indagadora, e a era da ciência moderna – matemática experimental […].” Com a observação empírica e o balbuciar da ciência, lugar central se deve deixar para a economia, “mas uma economia pensada como um domínio cultural e técnico, que não apenas um linguajar contido em si mesmo.”
