| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z | Estrangeiros | |||||||||||||
A economia do império português, que resulta da sua tese de 1959, é, antes de mais, a história de uma escolha, as origens de um rumo que falhará. Ligando o desligado, destapando o oculto, a sociedade portuguesa mercantiliza-se precocemente e acaba por recusar a modernidade para que portentosamente contribuíra. Averiguar as origens deste bloqueio está no cerne das preocupações do trabalho que, em Português, tomará o título de Os Descobrimentos e a Economia Mundial (1963-1971). Nele encontramos essa rede comercial a uma escala transoceânica, em grande parte orientada pelo estudo da moeda (que funciona como um revelador de pesquisa a empreender). Mas não só. Os produtos exóticos, da produção ao consumo, são acompanhados de perto, e a história política, como a história social e cultural, imbricam-se numa coesão explicativa admirável. Império, espaços, sociedade, homens; são os canários (guanches), os pretos de África, os industânicos, os ameríndios, os indonésios, os chineses, os japoneses, todos aqueles com que os Portugueses contactaram, também numa diáspora para fora do espaço imperial, espantosa dispersão que os seus estudos sobre os portugueses e a emigração mostram. Sem se demorar excessivamente na história política, todavia aqui e além ela aflora, para em escrita que parece caprichar quando desses assuntos trata, mostrar os acontecimentos e o seu entrecruzado e emaranhado factual. O escritor que o historiador também afinal tem que ser, esmera-se nessa reconstituição de narrativas. Escrita sempre extremamente cuidada. |
|||||||||||||