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Sem esquecer que o historiador e o cidadão (político) são duas faces da mesma personalidade. Assim, e analisando o autor da História de Portugal: “A discordância (se a há) entre o historiador e o político, tem a sua razão de ser na atitude de um e outro. O historiador constata e regista, o político aprecia em função de certos valores e escolhe caminhos. Por isso vemos Herculano, defensor da complexidade do processo de civilização, que entende dever nortear-se pelos dois princípios da cidadania e do regime da liberdade, por um lado, e da melhoria das condições materiais da existência, por outro, destacar as invenções e inovações (para empregar a linguagem actual) que transformaram a vida da humanidade.” Recorde-se que este texto se liga com as “Palavras preliminares” a Gustave Glotz ou da “Introdução” a Condorcet, que publicara em 1946. Naturalmente matizada e reconstruída (e sobretudo enriquecida em complexidade), no entanto a estrutura do raciocínio de Magalhães Godinho mantém-se ao longo do tempo. Como se se referisse a si próprio, Herculano “ressalta a importância das técnicas para a história geral da civilização.” Páginas fundamentais para entender o criticado e o crítico, o primeiro que entendeu com enviesamentos vários o Renascimento e a Época Moderna, o outro que com ele dialoga, como se à sua frente o encontrasse, explicando-lhe o que deveria ter pensado e escrito. “Herculano é injusto”, em especial porque ignora o arranque da ciência moderna “com a álgebra, a geometria analítica de Descartes, a mecânica de Galileu, a astronomia de Képler, e depois o cálculo com Leibnitz e Newton. Que a religião tem um pensador como Pascal, que há filósofos como Hobbes, Spinoza, Loxke, e Bayle publica o seu Dicionário onde todo o iluminismo vai beber.” Para concluir, que o “nosso problema é o futuro, e o dilema liberdade-desigualdade.” No século XIX como nos nossos dias. Dias que o historiador e o cidadão Vitorino Magalhães Godinho numa só pessoa tentava ler, na inquietação que não se apaziguava. |
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