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A EQUIPA
CONTACTO
Bom começo também, no ensino secundário, no Liceu de Gil Vicente, em Lisboa, onde teve como professores Câmara Reis e Newton de Macedo, entre outros que não esqueceu. Mais: o rapazinho convive com os intelectuais da Seara Nova, em especial com António Sérgio. Sempre a cidadania e a aprendizagem escolar se confundindo. E será precisamente na Seara Nova que sai o seu primeiro escrito, uma crítica a um romance de Joaquim Leitão, nome bem esquecido hoje.
Desse convívio estimulante, em especial com Newton de Macedo, resulta que terminado o ensino secundário no Liceu de Pedro Nunes em Lisboa, ingresse na Faculdade de Letras para frequentar a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas. Desilusão total. “Naquele velho casarão, para onde só se entrava descendo, consoante Rodrigues Lapa mostrou e por isso donde teve que sair, dignificando-se; nesse ambiente mental de bafiento positivismo oitocentista (apesar de tudo ainda respeitável em relação à chilrice subsequente) que mais amodorrava a vizinhança académica, não podia sentir-se a ânsia de filosofar, nem havia qualquer estímulo à investigação.” O que Godinho não vai sentir como negativo, pelo contrário: “Gozámos por isso do privilégio de nada ter aprendido na Faculdade, e de nos podermos preparar à nossa vontade.” Comporta-se como “franco-atirador”, aprendendo à distância autodidacticamente mas em contacto com os grandes mestres. E explicita: Pirenne, Marc Bloch, Lucien Febvre, La Blache, Gordon Childe, Brunschvicg, Goblot, Pierre Janet, Piaget, Paul Guillaume, tantos e tantos... E não se esqueçam os portugueses, Jaime Cortesão – então exilado em França e depois no Brasil – e directamente António Sérgio e Duarte Leite. Mais tarde igualmente Veiga Simões.
Da reflexão filosófica sairá como dissertação de licenciatura: Razão e História. Magalhães Godinho vai frequentar o estágio para professor de Liceu. Daí transitará depois para a Faculdade de Letras, para o grupo de História, contratado como Professor Extraordinário, “por pressão amiga de um arqueólogo, Manuel Heleno.” Começa então a carreira que o há-de levar à História, e por distribuições de serviço será obrigado a leccionar inúmeras cadeiras: história oriental, clássica, moderna e contemporânea, história geral da civilização, numismática... tendo ainda que assegurar aulas práticas (e teóricas de um catedrático não muito assíduo). Sobrecarga habitual, nesses tempos de escasso professorado, que impedia a especialização precoce e abria para a comparatividade. Começa a reflectir sobre a história dos descobrimentos e da expansão portuguesa. Por 1943-1945 prepara e faz publicar duas obras fundamentais no seu percurso: A Expansão Quatrocentista Portuguesa. Problemas das origens e da linha de evolução e os Documentos sôbre a Expansão Portuguesa. Problematiza e só depois busca os materiais de arquivos e bibliotecas – onde poucas coisas lhe iriam escapar – construindo assim as suas fontes. Porque também desde cedo concebeu a fonte histórica como o resultado de uma busca intelectual.
