A inauguração da nova Biblioteca Nacional só veio a acontecer em 10/4/1969, contando com presença do presidente da República, almirante Américo Tomás, e a bênção do cardeal Cerejeira. Os discursos foram partilhados pelos ministros das Obras Públicas e da Educação. Este último, José Hermano Saraiva, viria a ter um papel de relevo na comunicação (e popularização) da História de Portugal.
A “Revolução dos Cravos” impôs mudanças na direção da Biblioteca Nacional, com a nomeação de A. H. de Oliveira Marques, a 12 de Novembro de 1974, quando era ministro da Educação e Cultura outro historiador de renome, Vitorino Magalhães Godinho, posteriormente diretor da BNL (1984). Os tempos conturbados que então se viviam, no período pós-revolucionário, marcado pela instabilidade política e pela sucessão de governos, dificultaram a concretização dos projetos de Oliveira Marques.
Uma vez mais, a organização do catálogo nas suas diferentes secções ocupou a atenção dos responsáveis pela BN, mas nesta etapa a novidade foi permitir aos leitores o acesso direto ao catálogo geral, o que era coerente com as novas orientações biblioteconómicas. As ambições do historiador, emérito investigador no domínio da história medieval e da história da I República, eram bem mais amplas e profundas, centrando-se na organização de catálogos específicos, facilitadores da identificação das obras existentes. Para tal empreendimento conseguiu recrutar mais de uma vintena de bolseiros apoiados pelo Instituto de Alta Cultura.
Identificada com o espírito de cidadania dominante, a Biblioteca Nacional acolheu neste período uma exposição sobre eleições para Assembleias Constituintes, estruturada pelo saber histórico e sensibilidade pedagógica do seu diretor. As datas em destaque - 1820, 1836 e 1911 - permitiam chamar a atenção para outros momentos importantes da História de Portugal, cumprindo o propósito enunciado de que “uma biblioteca nacional deve ser um mundo de actividades culturais”, aliado a outro, relacionado com a vertente descentralizadora da sua política, justificada pela mostra, no Porto, dessa mesma exposição.