Imbuído do ideal de popularização da cultura, abriu as portas da BNL a todos os potenciais leitores, alargando o horário e incentivando ao empréstimo domiciliário, o que se traduziu num aumento muito significativo dos leitores: os números praticamente duplicaram entre os anos de 1910 e 1911, para grande regozijo do diretor que escorava as suas medidas num argumentário político anti-monárquico e em exemplos de países estrangeiros evoluídos.
À parte os excessos panfletários ditados pelo radicalismo político de Faustino da Fonseca, o confronto de argumentos que acompanhou a mudança do poder, contribuiu para um melhor conhecimento da situação real das bibliotecas e fomentou o debate sobre o significado da dualidade popular / erudita que marcou o desenvolvimento cultural e em particular o das bibliotecas, ao mesmo tempo que permitia discutir o verdadeiro alcance do sentido da leitura pública.
O historiador e ensaísta Fidelino de Figueiredo sucedeu a Faustino da Fonseca (1918), destacando-se como homem das Letras e da Cultura, num cruzamento da literatura com a filosofia, pelo rumo que deu à sua atividade profissional durante o exílio a que se votou a partir de 1927, que o levou até aos EUA, México e Brasil, onde exerceu a docência por muito mais tempo. Foi responsável, conjuntamente com Cristovão Aires, David Lopes e José Leite de Vasconcelos, pela criação da Sociedade Nacional de História (depois Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos), entre abril e maio de 1911, ainda num período anterior a ter assumido a direcção da Biblioteca Nacional. Exerceu este cargo por duas vezes, de 1918 a 1919 e depois em 1927, intercalado pela direcção de Jaime Cortesão.
A sua participação no “golpe dos Fifis”, com Filomeno da Câmara, em 12 de agosto de 1927, no sentido de derrubar a ditadura militar, deixou-o de costas voltadas para o novo regime, mesmo que sem um entendimento perfeito com os republicanos liberais com alguns dos quais teve, aliás, as suas polémicas, nomeadamente com o denominado “Grupo da Biblioteca”, em particular Raul Proença e Jaime Cortesão.