A primeira história do cinema publicada em Portugal em volume autónomo só surgiria em 1941, da autoria do crítico de cinema e dirigente cineclubista Manuel de Azevedo, com o título O Cinema em Marcha (Ed. Autor, 1941). Segundo Jorge Pelayo (Bibliografia…, 1971, p. 71), esta obra é tão próxima de Usine de Rêves (Gallimard, 1936) do jornalista e escritor ucraniano Illya Ehrenbourg que “quase se torna a [sua] tradução portuguesa, condensada”. Ainda assim, inclui um breve capítulo intitulado “Cinema português”, mas adoptando um estilo mais filosófico do que propriamente historiográfico. Talvez pelo seu ineditismo, a obra esgotaria e uma segunda edição seria publicada em 1944, então pela Livraria Latina.
Em 1943 é publicada uma história muito singular: A História do Cinema vista através de Filmes Castello Lopes (Exposição Internacional de Arte Cinematográfica, 1943), de Mota da Costa, com fins declaradamente publicitários. Assim, a segunda obra publicada em Portugal seria História do Cinema (Publicações Europa-América, 1949), a tradução portuguesa de Histoire du cinéma (1942), do jornalista francês de origem italiana Joseph-Marie Lo Duc. No mesmo ano, surge também a primeira tentativa conhecida de publicar uma ambiciosa história do cinema escrita de raiz por autores portugueses. A Maravilhosa História da Arte das Imagens foi coordenada pelos jornalistas e realizadores Fernando Fragoso e Raul Faria da Fonseca, editada em fascículos entre 1949 e 1956, constituindo um esforço conjunto de diversos autores em divulgar alguns dados generalistas, ainda que revelasse pouca exigência na análise e problematização dos dados avançados.
Dez anos mais tarde, a Livros Horizonte lançaria História do Cinema Mundial, uma versão portuguesa, condensada em cerca de 700 páginas, dos seis volumes da célebre obra de Georges Sadoul (Histoire du cinéma mondial, Denoël, 1946-54), uma obra abrangente que se popularizaria em todo o mundo. Entretanto, em 1956, Fernando Duarte iniciaria a publicação da sua História do Cinema, com o lançamento de um primeiro volume (e que seria o único) a propósito dos primórdios do cinema, nomeadamente o cinema norte-americano e checo. Finalmente, em 1962, o jornalista Manuel Moutinho Múrias lança também a sua História Breve do Cinema (Editorial Verbo), uma súmula de forte pendor pessoal e sem grande rigor historiográfico.