Da área da crítica cinematográfica também chegaram importantes contributos para uma tentativa de história crítica do cinema português. Entre os críticos mais esclarecidos, Manuel de Azevedo foi aquele que mais contribuiu para o enriquecimento do debate acerca do fenómeno cinematográfico em Portugal. A abordagem deste autor ao cinema português começou pela colaboração em diversas publicações periódicas, num estilo jornalístico, crítico e reflexivo que pretendia, geralmente, um primeiro contacto com aspectos do fenómeno cinematográfico. O primeiro contributo publicado em volume autónomo, intitulado Ambições e Limites do Cinema Português (Seara Nova, 1945), reunindo uma colectânea de artigos publicados anteriormente na Seara Nova. O seguinte, Perspectiva do Cinema Português (Cineclube do Porto, 1951) foi outra obra oportuna onde o autor reclamava uma nova reflexão sobre a actualidade do cinema português a partir do seu percurso histórico. Anos depois, compilando um significativo número de textos dispersos por diversas publicações não-especializadas em cinema, publicaria À Margem do Cinema Nacional (Cineclube do Porto, 1956). No entanto, o nome de Manuel de Azevedo ficará sempre ligado ao cineclubismo, tanto pela sua destacada participação no movimento como pelo início sério do seu estudo, nomeadamente no volume O Movimento dos Cineclubes (Cadernos Seara Nova, 1948).
Verdadeiramente significativa do valor deste crítico foi o convite do prestigiado historiador Joel Serrão a Manuel de Azevedo para este participar no importante Dicionário de História de Portugal dirigido por aquele historiador (Figueirinhas, 1971). Prova de reconhecimento do contributo do autor para o estudo do cinema português, este prestigiado dicionário tem na sua entrada relativa ao “Cinema em Portugal” o primeiro exemplo público da necessidade de enquadrar o cinema no tratamento científico da historiografia.
Outro nome da crítica desse período é Roberto Nobre, figura maior da oposição cultural ao Estado Novo. Para além da escrita de diversos textos de carácter teórico-estético e um tratamento crítico e reflexivo imediato, com participações esporádicas em diversas publicações periódicas, Nobre também dedicou atenção particular à história do cinema português, dedicando-lhe exclusivamente uma obra autónoma: Singularidade do Cinema Português (Portugália, 1964) apesar de reflectir uma vivência muito pessoal, contém algumas advertências metodológicas ainda mais interessantes vinda de uma pessoa sem formação historiográfica.