Encaradas sobre um ponto de vista eminentemente politico – é precisamente este carácter ideológico que aproxima estas publicações entre si –, estas obras são exemplares do tipo de efervescência editorial que marcaram o “processo revolucionário em curso”. As novas orientações políticas e estéticas saídas da revolução promovem uma redefinição da visão oficial da história do cinema português, preocupando-se sobretudo com temáticas de carácter social e político, assuntos que durante o regime anterior teriam sérias dificuldades em ser produzidos.
Entretanto, o cineclubista Henrique Alves Costa retoma a edição de obras escritas como revisitações ao passado, sem grandes cuidados metodológicos, que vivem muito das memórias do seu autor. De um modo coerente, a sua Breve História do Cinema Português 1896-1962 – integrada numa colecção de sínteses da cultura do Instituto de Cultura Portuguesa – relata uma visão muito pessoal do percurso cinematográfico nacional, onde são evidentes as suas preferências e objecções estéticas.
A pensar na continuidade desta breve história, o Instituto de Cultura Portuguesa encarregou outro não-historiador da sua actualização: Eduardo Prado Coelho, um reconhecido crítico cinematográfico com ainda menos preocupações metodológicas do que o autor portuense, escreve Vinte Anos de Cinema Português 1962-1982 (1983), uma espécie de catálogo dos filmes mais significativos desse período. Usando uma análise estritamente interna das obras cinematográficas, o crítico rejeita factores de carácter contextual estranhos à construção narrativa, valorizando a obra enquanto produto meramente estético. Com uma estratégia de abordagem semelhante, Salvato Teles de Menezes passa em revista a produção fílmica portuguesa da década seguinte à revolução de 1974. Após uma breve introdução geral ao período em causa (1974-84), o autor debruça-se sobre a produção fílmica e analisa aqueles que considera serem os mais importantes e representativos filmes do cinema português do pós-25 de Abril.