Dos principais núcleos temático-geográficos versados pelos orientalistas portugueses, coincidentes com as áreas de atuação da Companhia de Jesus e com momentos chave da história da expansão, sobressaem a Índia portuguesa (por vezes posta em correlação com a antiga joia da coroa portuguesa, o Brasil, através sobretudo dos trabalhos de António Lopes Mendes), o Norte de África, Macau e, com menor expressão, a cultura judaico-hebraica (com Joshua E. Levy, Mendes dos Remédios, Joseph Benoliel ou Samuel Schwarz), China (através dos trabalhos lexicográficos do padre Joaquim Afonso Gonçalves) e Japão. Também Timor ganha relativa visibilidade a partir da década de 1950, após a ocupação japonesa e quando o desmoronamento do projeto colonial português era já uma evidência. Os interesses linguísticos dos orientalistas portugueses extravasaram, porém, as fronteiras desses espaços de atuação, negligenciando, aliás, línguas que foram essenciais à construção do império do Oriente português, nomeadamente o Chinês e o Japonês. As filologias etio-semíticas estudadas incluíam, para além do Sânscrito e do Árabe, também o Hebraico e o Gêes, uma preferência que se coadunava com as preocupações europeias oitocentistas; do mesmo modo, outras línguas orientais (como a malaia ou a tâmil) seriam ocasionalmente discutidas para fins de filologia comparada. Os idiomas da Índia portuguesa, com destaque para o Concani (língua viva), e os crioulos ultramarinos determinarão, porventura, a especificidade da filologia oriental praticada em Portugal. Se, por um lado, se investigavam as línguas com as quais os Portugueses contactaram, por outro privilegiava-se o estudo da língua portuguesa, sua circulação e contacto com as línguas orientais e crioulos daí resultantes, o que, de novo, equivaleria a estudar a história da expansão e da presença portuguesa na Ásia. Esta recuperação da memória da língua portuguesa nas línguas orientais e vice-versa enfatiza a atualidade da constatação de Nebrija, na sua Arte de grammatica de lengua castellana (Salamanca, 1492), de que a língua foi companheira fiel do império (e da fé).
A historiografia portuguesa que se pratica a partir do período finissecular está, como se tem vindo a demonstrar, em sintonia com este localizar das raízes do orientalismo português no século XVI, que Sousa Viterbo classificou como “infalivelmente, um vasto e precioso museu oriental” (O Orientalismo em Portugal no século XVI, 1893, p. 3). É esse “museu” que, como relicário de fontes sobretudo textuais, será, entre o final do século XIX e os anos de 1950-1960, inventariado, revisitado e analisado, contribuindo-se deste modo para a organização de fontes de que qualquer disciplina necessita para se estabelecer como disciplina de direito.