Da parte dos historiadores portugueses, o interesse pela geografia aconteceu desde meados do século XIX, em especial quando se tratava de estudar a expansão ultramarina, dita sempre como de descobrimento geográfico. Por isso logo o Visconde de Santarém nas obras que publica entre 1842 a 1849 dá destaque à geografia, pelo que publica o seu Atlas, conjunto de reproduções de cartas antigas indispensável para o estudo do alargamento do conhecimento da terra ao longo das épocas medieval e moderna. O que atribui aos descobrimentos portugueses cuja prioridade defende com documentadas razões. Mas aos historiadores faltava o suporte em obras geográficas, que ainda não existiam. Pelo que, na ausência de uma ciência constituída enquanto saber dotado de método e linguagem próprios, só tardiamente a geografia, enquanto conhecimento científico, aparece junto da história. Por isso na história vemos por vezes a procura de elementos dispersos mas em que os autores procuram apreender o meio natural (Silva, Memoria...).
De pré-geográficas devem ser consideradas as corografias e as descrições que desde o século XV (do Livro dos Arautos, circa 1416) se redigiram e surgiram autónomas ou foram sendo incluídas em outros relatos. Porque a primeira obra que pode ser tomada como uma geografia (descritiva) de Portugal é a de Gerardo A. Pery, datada de 1875. Nela aparecem sumárias referências históricas e apenas pelo que toca ao descobrimento e conquista do ultramar. Esses escassos elementos constam de capítulos incluídos nas secções da obra que são ditas de Estatística. A história não era referida como conhecimento que importasse para adjuvar (ou melhorar) o que a geografia descritiva pudesse alcançar. Embora: sendo única, a Geographia de Gerardo A. Pery foi usada por alguns historiadores como Oliveira Martins e Alberto Sampaio. Que tentaram, cada um à sua maneira, articular uma relação entre os dois saberes. Relação que os ajudasse à interpretação do percurso histórico que pretendiam dominar. Contudo ainda era muito incipiente a descrição da terra que se projectava na insuficiente utilização de conceitos e de conhecimentos geográficos na explicação histórica. E se havia a sentida necessidade de conhecer o território por parte dos historiadores, não pode pensar-se que estavam aptos a usar os conhecimentos geográficos – mesmo que ainda embrionários nos conceitos – de uma forma que fosse satisfatória.