Pelo que em 1947, na sua História económica e social da expansão Portuguesa, que se limita a Marrocos (vol. I, único publicado), como em “A economia das Canárias nos séculos XIV e XV” (1952), ou em O “Mediterrâneo” Saariano e as Caravanas do Ouro. Geografia económica e social do Sáara Ocidental e Central do XI ao XVI século (1956), avança textos de geografia económica cuidadosamente acompanhados por mapas adrede desenhados. O que não ficou por aí. Porque nos seus trabalhos, em especial nos que se podem datar dos anos 40 e 50 a geografia está sempre muito declaradamente presente. Nas décadas posteriores a sua atenção virar-se-á mais para a sociologia e para outros domínios das ciências sociais mas sempre se consegue detectar a geografia como implícita nos seus trabalhos. Esforço de combinação de conceitos que lhe permite avançar com as Noções Operatórias na Abordagem Global das Sociedades. Em que propõe esse modo de “nos aproximarmos de uma realidade única, que é o homem e são os homens” (Godinho, Noções, p. 174).
No entanto, historiador muito atento às necessidades de um público culto e aos estudantes, a Vitorino Magalhães Godinho e a uma empresa comercial sem qualquer ligação à universidade ou aos meios académicos se ficou a dever o Panorama da Geografia que as Edições Cosmos publicaram de 1952 a 1957. Ao coordenador somaram-se os colaboradores Alfredo Fernandes Martins e Joel Serrão. Tendo publicado um conjunto de obras traduzidas do Francês: de Emmanuel De Martonne é o Traité de Géographie Physique, de Lucien Febvre La terre et l’Évolution Humaine, de Pierre George a Demogéographie, de J. J. Juglas a Géographie économique, com um apêndice à Geografia Económica ainda de Henri Hauser. Ficaram referidas no projecto inicial as geografias social, política e cultural. Em qualquer caso, foi o empreendimento bibliográfico mais enriquecedor que a disciplina científica recebeu em Portugal em meados do século XX.
Desde 1955 apontava Magalhães Godinho dois nomes da geografia para a história alargada às ciências sociais que pretendia: Orlando Ribeiro e Fernandes Martins. (Godinho, “A Historiografia”, p. 16). Já fortemente influenciado pela longa estadia e aprendizagem (ou aperfeiçoamento) parisiense, em 1965 via Magalhães Godinho o alargamento do âmbito da geografia humana.