Como afirma a sua colega e companheira de vida Suzanne Daveau, Orlando Ribeiro “nunca sentiu contradição alguma na sua dupla formação de naturalista e historiador” (Ribeiro, Opúsculos III, p. 8). Pelo contrário, sentia como que uma “conspiração de Natureza e História.” (Ribeiro, O ensino, p. 11). Em Orlando Ribeiro há uma sábia interpenetração entre História e Geografia que mutuamente se escoram e influenciam. Não parece de rigor falar em interdisciplinaridade: expressão que chega a usar entre aspas. Isto porque no seu pensamento não se separam os métodos nem os conceitos de diferentes conhecimentos se confrontam, mesmo se surgem misturados. São, ao mesmo tempo, uma coisa e outra. Raciocínio histórico que não busca apoio na Geografia porque já de si é geográfico, metodologia geográfica que usa a História sem separadores. No seu dizer: “Atento, pela observação, às suas complexas realidades, o geógrafo não pode deixar de ver no tempo os lugares, os homens e as coisas. Creio, aliás, que a História é, no conjunto das Ciências Humanas, tanto um núcleo como um caminho do conhecimento” (Ribeiro, Portugal, p. XVI).
Instalado por fim na Faculdade de Letras de Lisboa, Orlando Ribeiro criou o Centro de Estudos Geográficos para erguer o processo de formação de geógrafos que conduziu à constituição de um notável conjunto de investigadores. Em que a atenção à história foi sempre cuidada, para além do exemplo do principal obreiro, com Raquel Soeiro de Brito, Ilídio do Amaral, e mais tarde Carminda Cavaco, António de Brum Ferreira, Carlos Alberto Medeiros, Jorge Gaspar e muitos outros. A que se juntou nos anos 60 Suzanne Daveau – notável aquisição – atenta à história e à literatura antiga cujo estudo cultiva, fina observadora que, iniciando os seus exemplares trabalhos sobre Portugal em 1962, desde 1966 os tem multiplicado (Garcia, “Suzanne”, p. 23).
Logo ao principiar a sua carreira de investigador, Vitorino Magalhães Godinho deu uma atenção muito especial à geografia.