Que poucos havia ainda nos anos 30. Mesmo para o ensino das disciplinas curriculares nas universidades. Teófilo Braga, Leite de Vasconcellos, Ricardo Severo, António Sardinha, Mendes Correia ou Jaime Cortesão (autores referidos por Damião Peres). O que alguns historiadores e geógrafos contestavam com Amorim Girão, afirmando que no Ocidente Peninsular havia “nacionalidades diversas mas confusas, a que só mais tarde os laços políticos viriam dar consistência e linhas bem definidas.” E ainda: “o território português não é distinto da Espanha […]” (apud Peres, Idem, p. 16).
Pelo que a polémica de Damião Peres com Mendes Correia seria inevitável. Enquanto este supõe a geografia como causa determinante da independência portuguesa, Damião Peres prefere dizer que o meio é mero condicionante. Porque, como não pode deixar de afirmar, “as explicações (?) científicas do problema da génese de Portugal são bastante frágeis.” (Peres, “Portugal”, pp. 5 e 8). Todavia, relacionada com as origens do Estado ou com a nacionalidade, a geografia instala-se como uma necessidade no discurso histórico – estranhamente ignorada pelo metodólogo de Geografia na Escola Normal Superior de Coimbra Fortunato de Almeida na sua História de Portugal. Não será assim com Damião Peres na direcção da História de Portugal dita de Barcelos, mau grado a pouca relevância que assumiu o escrito de Mário Vasconcelos e Sá sobre “As condições geográficas”. A que não faltaram críticas. Embora apoios na geografia não faltassem em muitos dos capítulos dessa História, nomeadamente nos redigidos por Ângelo Ribeiro, Manuel Ramos, Damião Peres e sobretudo Jaime Cortesão.
Também António Sérgio realça a posição do território na História de Portugal. Introdução geográfica. Obra depois de apreendida reposta no mercado como Introdução Geográfico-Sociológica à História de Portugal. A História de Portugal, mesmo que e apenas neste volume dedicada à introdução geográfica, irritou profundamente os senhores da situação política: Alfredo Pimenta conclui uma crítica verrinosa, exclamando: “Se eu fosse Poder, mandava-o calar.” (Pimenta, A História..., p. 44).