Deve-se-lhe a forte acentuação às influências marítimas no conjunto do território: “a dependência constante do mar”, “a feição dominante do mar” (Telles, Portugal, pp. 6 e 82).
No entanto, não parece que a aproximação ou mesmo contaminação de história e geografia, de uma por outra das disciplinas científicas, tenha sido prejudicial a qualquer delas. E ambas têm naturalmente que ser chamadas no tratamento de algumas matérias em que o esclarecimento deve ser mútuo. Como exemplo, veja-se que geografia e história são naturalmente invocadas sempre que se trata de decidir das razões da independência de Portugal. Saber se há ou não individualidade bem demarcada no território onde surge e se desenvolve o que será mais tarde o Estado português é velho debate (Peres, Como nasceu Portugal). Importa saber se se pode traçar uma prefiguração do Estado, supondo-se que o território estaria como que pré-delimitado a aguardar a invenção da estrutura política. Discussão e opiniões contraditórias por vezes, que vêm desde Herculano.
Enquanto em Coimbra o “geólogo e geógrafo consumado” Anselmo Ferraz de Carvalho (1878-1955), professor da Faculdade de Ciências era usado no ensino da geografia em que terá sido competente prelector, devendo-se-lhe a primeira geografia de Portugal publicada em Barcelona em 1930, contratavam-se professores onde se conseguiam, como Léon Bourdon, que em 1927-1928 vem assegurar a leccionação de cadeiras de geografia. Aristides de Amorim Girão já formado em Ciências Histórico e Geográficas pela Faculdade de Letras, que fora sebenteiro de Anselmo Ferraz de Carvalho, doutorara-se em 1922 e vai assegurar uma longa carreira como professor catedrático de geografia até à sua morte em 1960. No Porto, na Faculdade fundada em 1919 seria o médico, antropólogo e etnólogo António Augusto Mendes Correia, também professor da Faculdade de Ciências, a assegurar regências de disciplinas do grupo na nova Faculdade de Letras – com os assistentes António Luís Gomes e Artur de Magalhães Basto.