Descobrimentos e expansão portuguesa, História dos
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O tradutor Oliveira Ramos, prestimosamente, entendeu completar o trabalho com “Notas em apêndice ao volume da “Historia da época dos descobrimentos” de Sophus Ruge”. Porque sente a necessidade de uma síntese da história da disciplina – mais uma vez. Onde tinha de tentar resolver duas dificuldades: os enviesamentos nacionais e o segredo geográfico que obscurecia a documentação. O autor das notas percebe bem a necessidade de aliviar os “heróis” da carga que lhe tinha sido imposta, para destacar o que fora feito “pelo esforço, pela perícia de pobres homens do mar, que formam a immensa legião dos ‘esquecidos’ das grandes epopeias dos séculos de oiro” (S. Ruge, Idem, s.d., p. 485). Procurando como que limpar de todas as excrescências que se tinham acumulado. Na descoberta ou redescoberta da Madeira, da ida às Canárias, da chegada aos Açores.
As expedições ocorridas no século XIV seriam raras e sem sequência. Afastando também parte da lenda infantista e discutindo mesmo o propósito de chegar à Índia. Atenção lhe merece ainda a passagem Noroeste pelos Corte-Reais, os conflitos entre os governadores da Índia, a tentativa de cruzamento pelo Nordeste por David Melgueiro e a viagem de Sudoeste de Fernão de Magalhães. Especial cuidado também lhe mereceram as viagens de Cristóvão Colombo. E culminam as apreciáveis notas com a indagação das penetrações dos portugueses em África, na América e na Ásia. O que naturalmente ainda estava nos interesses colonizadores da época. Ficava assim esboçada uma história dos descobrimentos portugueses, com excelente apuramento crítico. Embora ainda se tratasse de uma síntese preparatória de obra mais vasta nunca almejada. Registe-se que o professor Oliveira Ramos dava especial atenção à cartografia, o que é natural dada a sua formação militar. Aliás sempre refere os descobrimentos como geográficos.
O princípio do século XX foi também um período historiográfico marcado pela grande erudição: é o tempo das publicações documentais no Archivo Historico Portuguez, dirigido por Anselmo Braamcamp Freire, é o tempo em que se destacam as publicações de Joaquim Bensaúde, com L’astronomie nautique au Portugal à l’époque des grandes découvertes e com a Histoire de la science nautique portugaise à l’époque des grandes découvertes (1912 e 1921), e de Luciano Pereira da Silva com A astronomia dos Lusíadas entre outros textos.