Descobrimentos e expansão portuguesa, História dos
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Embora dispersos, os artigos que compõem Portugal nos mares também contêm reflexões úteis sobre a expansão portuguesa. Apesar desses contributos determinantes, o meio historiográfico português ainda não conseguia atingir e elaborar uma síntese que deveria aproveitar também o que a erudição ia produzindo. Outro recurso – bem mais pobre e destinado a um vasto público –, viria na História de Portugal de Pinheiro Chagas (em 8 vols, 1869-1874), que no entanto não exerceu influência duradoura comparável aos trabalhos de Oliveira Martins.
Não por acaso as grandes comemorações de centenários – destinadas a exaltar a identidade e a consciência da nacionalidade – se ligam com os descobrimentos. Exaltar a memória do período áureo da nacionalidade poderia ajudar a retemperar as energias e a conseguir um renascer da vontade colectiva. Por isso será Camões em 1880, o infante D. Henrique (mais modestamente e sobretudo importante no Porto, sua terra natal) em 1894, a viagem à Índia de Vasco da Gama em 1898 e a descoberta do Brasil em 1900. Exceptuam-se o Centenário do Marquês de Pombal em 1882 que busca fundamentar-se em outras razões e o de Santo António, que foi um fiasco, em 1895 (M. I. João, Memória…, 2202, pp. 52-55) Ainda, e com boas razões, Portugal participou nas comemorações espanholas da descoberta da América por Cristóvão Colombo (1892). A história dos descobrimentos é usada, pois, numa exaltação patriótica programada.
Conexo com este movimento de interesses que motiva para a publicação de muitos estudos e documentos sobre os descobrimentos e a colonização, – em que se não podem esquecer os Trabalhos Nauticos dos Portugueses nos seculos XV e XVI de Sousa Viterbo – trabalham alguns historiadores avançando notáveis hipóteses e interpretações estimulantes. É o caso de múltiplas publicações – sobretudo a partir de Inglaterra – de Jaime Batalha Reis, verdadeiro geógrafo e capaz de com perspicácia pensar como historiador. Interessado em demonstrar a prioridade portuguesa de desvendar mares e terras: o interior africano principalmente.
Porque assim o impunha a defesa das colónias portuguesas perante os avanços gulosos das potências europeias. E Batalha Reis foi mesmo chamado como “uma espécie de consultor geográfico junto das legações portuguesas” em vários encontros internacionais. (J. Batalha Reis, Estudos..., 1941, p. 485). Porque mais decorrente da geografia do que da história parecia ser a utensilagem metodológica da incipiente disciplina.