Descobrimentos e expansão portuguesa, História dos
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O Infante “procurava desvendar os segredos das ilhas e dos continentes, dos golfos e das enseadas, velados pelo manto azul negro do Mar Tenebroso.” (Id., Historia…,1882, p. 170). Os descobrimentos não eram realizados a acertar, mas com os conhecimentos que havia na época e que se iam alargando. Relevo tinha a marinha que desde tempos de D. Sancho I se desenvolvera. Falecido o Infante em 1460, parou o movimento das navegações. Oliveira Martins destaca também a conquista de Ceuta (1415) e o desastre de Tanger (1437) da empresa Norte africana. No entanto, a ocupação de praças em Marrocos foi um incidente na vida nacional, que “é apenas um episódio da grande história das descobertas e conquistas ultramarinas […].” (Ibid., p. 188)
Porém salta do Infante para a expedição de Vasco da Gama ao Oriente, realçando previamente a expedição de Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã. Também a viagem de Pedro Álvares Cabral merece atenção, para depois se espraiar sobre D. Francisco de Almeida, Afonso de Albuquerque e D. João de Castro. Mas as coisas acabam por correr mal: “Anarquicamente iniciada, a ocupação da Índia foi, de princípio a fim, uma exploração anárquica.” (Ibid, p. 296) Razões várias se conjugam nessa incapacidade: “Explorar o Oriente comercialmente, à holandesa, era cousa para que o nosso génio nos não chamava.” (Ibid., p. 298) Com esta narrativa ficaria apresentada a presença portuguesa no Oriente. Ainda pegado a Herculano, Oliveira Martins considera que a partir do reinado de D. Manuel I se iniciava A catástrofe (1500-1580), a que se seguirá A decomposição (1580-1640) para se chegar a A anarquia espontânea (1777-1826).
Faltava uma atenção especial à colonização, que virá mais tarde em outro trabalho – O Brasil e as colónias portuguesas. Nele é central a distinção entre colonização e comércio. Colonização agrícola nas Ilhas do Atlântico à partida desocupadas e contrastando com as povoadas costas africanas. Mas também em África e no Brasil a atracção pelo interior, a “exploração dos sertões”, para descobrir minas de metais preciosos e capturar mão-de-obra (O. Martins, O Brazil…, 1920, pp. 16-19). O Brasil fora-se, independente, e agora importava o continente africano: aí ainda haveria um “futuro possível” mas um “presente duvidoso” (Ibid., p. 198). Em que a história nem sempre seria o mais útil dos instrumentos de análise.
“Se já na África o chamava [ao português] para o interior a caça dos negros, antes de aí ir em busca de minas, outrotanto sucedia na América, onde as bandeiras trilhavam os sertões para descer índios.” (Ibid., p. 19)