Descobrimentos e expansão portuguesa, História dos
13 / 20
As questões relacionadas com os conhecimentos científicos dos séculos passados ganha corpo e traduz-se em publicações que apresentam a formulação de problemas essenciais. Também surgem nestas décadas iniciais do século as tentativas de interpretação e de problematização: António Sérgio destaca-se com “A conquista de Ceuta” (1920), que desencadeou inúmeras controvérsias, em que se destacam as posições conciliatórias de Jaime Cortesão (1925) e de David Lopes (1924) e de radical contestação de Mário de Albuquerque (1930). Fora de polémicas mas tentando abrir caminho em que a erudição ia sendo usada procurando apurar os factos relevantes da matéria, destaca-se o labor de Damião Peres. Iniciando as suas pesquisas na ilha da Madeira, vai depois prosseguindo com eruditos artigos esclarecedores (1926).
Contudo, ainda não estava constituída uma disciplina a que coubesse a designação de “História dos Descobrimentos, da Expansão e da Colonização”. Porque essa matéria ainda estava a dar os primeiros passos numa construção que se poderia considerar autónoma dos demais domínios da história. Disciplina que já parecia querer-se com objecto e métodos próprios. Nessa via de procura documental se explica a criação oficial nas Faculdades de Letras de uma cadeira de “História dos Descobrimentos” que só ocorreu em 1918, e não será demais supor que começaria a ser leccionada em 1920. Sabe-se que a Manuel Maria d’Oliveira Ramos se deve essa introdução: “criou e ilustrou a cadeira de “História dos Descobrimentos e da Colonização Portuguesa” – conforme testemunho de Orlando Ribeiro (Aspectos e problemas 1955). E assim, naturalmente, em Lisboa será Manuel d’Oliveira Ramos que se encarregará dessa regência, enquanto em Coimbra a Faculdade de Letras procurava apoio num professor de Medicina, João Serras e Silva. No Porto seria a cadeira entregue a Damião Peres. Sem que ainda tivesse sido escrita e publicada uma história dos descobrimentos e da expansão ou da colonização. Mas o caminho estava aberto.
Por então surgirá, em 1922-1924, dirigida por Carlos Malheiro Dias a monumental História da Colonização Portuguesa do Brasil. Será a primeira tentativa de uma história geral, embora circunscrita apenas ao território americano da colonização portuguesa (infelizmente incompleta). Trata-se, no entanto, de uma tentativa de grande ambição, com uma notável colaboração de historiadores portugueses, com destaque para Jaime Cortesão e Duarte Leite.